quarta-feira, 23 de outubro de 2013

TESTES DE STRESS? SIM, A VIDA DE MUITOS MIÚDOS

Nos últimos anos com a crise financeira e económica que nos esmaga tornou-se conhecida uma expressão que não me recordo de ver utilizada antes, testes de stress. A propósito da crise nos mercados financeiros realizaram-se aos bancos europeus os tais testes de stress, também chamados de resistência, para aferir da sua capacidade de resposta. Os resultados conhecidos sugerem que os bancos portugueses analisados se aguentaram ao stress. Deve ser bom, imagino. Ao que parece quatro bancos portugueses irão ser sujeitos a novos testes de stress. Tal como aconteceu antes deseja-se que os bancos mostrem a sua resiliência.
No entanto, sendo algo de novo, para mim evidentemente, os testes de stress neste ununiverso, a banca, estes testes são mais do que frequentes e conhecidos. A vida de muita gente, em particular dos miúdos e adolescentes, é um contínuo teste de stress.
Muitos miúdos passam o dia a saltitar entre actividades e a correr de espaço para espaço sem tempo para respirar.
Muitos miúdos vivem em famílias que experimentam tremendas dificuldades em assegurar patamares mínimos de bem-estar e qualidade de vida.
Muitas crianças são vítimas de maus-tratos e negligência que transforma a sua vida num inferno inaceitável.
Muitos miúdos e adolescentes são fortemente pressionados pelas famílias para a excelência do desempenho vivendo angustiadas perante o risco do fracasso e de se sentirem responsáveis por expectativas familiares defraudadas.
Muitos miúdos e adolescentes vivem em ambientes afectivamente hostis, ameaçadores da sua auto-estima e confiança quando não vitimizados pela fragilidade que demonstram.
Muitos adolescentes e jovens sentem-se perdidos e incapazes de construir um projecto de vida viável capaz de os rebocar até ao futuro.
Os exemplos poderiam crescer, mas parecem suficientes para mostrar o nível de especialização que muitas crianças, adolescentes e jovens já atingiram em testes de stress.
E só falei dos mais novos. No fundo e relativamente à banca, creio que sempre viveu, vive e viverá sem grande stress.

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