Nos últimos anos com a crise financeira e
económica que nos esmaga tornou-se conhecida uma expressão que não me recordo
de ver utilizada antes, testes de stress. A propósito da crise nos mercados
financeiros realizaram-se aos bancos europeus os tais testes de stress, também
chamados de resistência, para aferir da sua capacidade de resposta. Os
resultados conhecidos sugerem que os bancos portugueses analisados se
aguentaram ao stress. Deve ser bom, imagino. Ao que parece quatro bancos
portugueses irão ser sujeitos a novos testes de stress. Tal como aconteceu
antes deseja-se que os bancos mostrem a sua resiliência.
No entanto, sendo algo de novo, para mim evidentemente, os testes de stress neste ununiverso, a banca, estes testes são mais do que frequentes e conhecidos. A
vida de muita gente, em particular dos miúdos e adolescentes, é um contínuo
teste de stress.
Muitos miúdos passam o dia a saltitar entre
actividades e a correr de espaço para espaço sem tempo para respirar.
Muitos miúdos vivem em famílias que experimentam
tremendas dificuldades em assegurar patamares mínimos de bem-estar e qualidade
de vida.
Muitas crianças são vítimas de maus-tratos e
negligência que transforma a sua vida num inferno inaceitável.
Muitos miúdos e adolescentes são fortemente
pressionados pelas famílias para a excelência do desempenho vivendo angustiadas
perante o risco do fracasso e de se sentirem responsáveis por expectativas
familiares defraudadas.
Muitos miúdos e adolescentes vivem em ambientes
afectivamente hostis, ameaçadores da sua auto-estima e confiança quando não
vitimizados pela fragilidade que demonstram.
Muitos adolescentes e jovens sentem-se perdidos e
incapazes de construir um projecto de vida viável capaz de os rebocar até ao
futuro.
Os exemplos poderiam crescer, mas parecem
suficientes para mostrar o nível de especialização que muitas crianças,
adolescentes e jovens já atingiram em testes de stress.
E só falei dos mais novos. No fundo e
relativamente à banca, creio que sempre viveu, vive e viverá sem grande stress.
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