sábado, 26 de outubro de 2013

OS PROTESTOS DA GENTE

Como sempre, a realização de manifestações de protesto implica a análise da contabilidade da adesão a essas iniciativas. Os promotores produzem, regra geral, discursos de satisfação e os opositores desvalorizam o número de pessoas envolvidas. Sempre assim foi, sempre assim será.
No entanto, como repetidamente afirmo, creio que estas discrepâncias excessivamente empoladas,  acabam por desvalorizar os efeitos das próprias iniciativas, pois, é reconhecido, muitos estudos têm vindo a demonstrá-lo, os níveis de cultura política, participação cívica, precariedade laboral, custos económicos, etc., levam a que exista sempre uma percentagem muito significativa de pessoas que embora estando de acordo com a justificação das acções não participam nelas. Há circunstâncias em que quando todos afirmam que ganham, todos estão a perder.
Para já estamos a perder o presente, as dificuldades que estão na origem do descontentamento das pessoas, das que aderem às manifestações de protesto e de muitas que não aderem, são graves e sérias. E o risco de perdermos o futuro é também uma ameaça, os tempos estão difíceis e a desesperança é muita.  O presidente da Cáritas, que não imgino como manifestante, considera que se tem governado nas últimas décadas "para clientelas e grupos corporativos fortes" e que o próximo Orçamento de Estado continua a penalizar as pessoas com menos rendimentos.
Na verdade, creio que nesta altura a maioria de nós, presente ou não nas manifestações, achará que o copo está meio vazio. Vão muito difíceis os tempos.
Assim, mais do que a contabilidade relativa às manifestações de hoje, importa sublinhar a expressão clara de um protesto pela persistência insensível e insensata num conjunto de políticas que nos empobrecem, produzem desemprego e exclusão.
Haverá manifestações que cheguem para travar este caminho?

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