Este tipo de incidentes, em que os últimos
tempos, têm sido férteis alimenta o afastamento e desconfiança dos cidadãos
face a políticos e a partidos. No actual quadro político administrativo é muito
difícil a intervenção cívica, no sentido político, fora da tutela dos aparelhos
partidários. Verifica-se também que a capacidade de mobilização dos partidos se
dirige a uma minoria de pessoas que emerge dos respectivos aparelhos que,
assim, podem aceder a alguma forma de poder e a uma maioria que enche
autocarros, recebe uns brindes e tem um almocinho de borla. A partidocracia não
atrai porque os partidos se tornam donos da consciência política das pessoas,
veja-se o espectáculo deprimente da Assembleia da República, salvo honrosas
excepções vota-se o que o partido manda, independentemente da consciência.
Reconhece-se hoje que as camadas mais novas,
sobretudo mas não só, atravessam uma complexa situação envolvendo os valores, a
confiança nos projectos de vida, os estilos de vida, etc. Neste quadro, a
adesão à intervenção política, tal como se verifica genericamente em Portugal,
parece mais uma parte do problema, é velha a partidocracia para responder a
problemas novos, que um caminho para a solução.
De tudo isto resulta, como muitas vezes refiro, o
afastamento das pessoas pelo que a construção de outras formas de participação
cívica parece ser a única forma possível de reformar o quadro político que
temos, ou seja, os partidos ou definham ou mudam, pela pressão do exterior.
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