Nos meus tempos de gaiato, a avó
Leonor, uma das mulheres mais fantásticas que conheci, com a mais-valia de ser
minha, a minha avó, quando nós caíamos em alguma asneira e tentávamos as
esfarrapadas desculpas que a imaginação, ou a falta dela, ditavam ou ainda,
quando as pequenas ou grandes mentiras não saíam bem, tentava compor um ar
severo, desmentido por uns olhos claros infinitamente doces, e dizia, “não
sejam troca-tintas”.
Não me lembro se alguma vez lhe
perguntei se sabia a origem da expressão, mas nestes tempos que vamos vivendo,
com esta gente que de há décadas vai ocupando as lideranças sociais, politicas
e económicas, lembrei-me da avó Leonor e dos troca-tintas.
Terra de troca-tintas.
Esta introdução parece vir a
propósito de mais um enorme exemplo de “trocatintismo”, a cambalhota de
Assunção Cristas após a “coligação” que estabeleceu na AR com o PSD. BE e PCP
na questão da contagem do tempo de serviço dos professores, aguardando-se ainda o salto à retaguarda de Rui Rio. Mas não, de todo,
vem a propósito do “trocatintismo” de todos os responsáveis neste processo. E
aqui todos, significa mesmo todos, todos os actores com responsabilidade neste processo.
Terra de troca-tintas.
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