domingo, 5 de maio de 2019

TERRA DE TROCA-TINTAS


Nos meus tempos de gaiato, a avó Leonor, uma das mulheres mais fantásticas que conheci, com a mais-valia de ser minha, a minha avó, quando nós caíamos em alguma asneira e tentávamos as esfarrapadas desculpas que a imaginação, ou a falta dela, ditavam ou ainda, quando as pequenas ou grandes mentiras não saíam bem, tentava compor um ar severo, desmentido por uns olhos claros infinitamente doces, e dizia, “não sejam troca-tintas”.
Não me lembro se alguma vez lhe perguntei se sabia a origem da expressão, mas nestes tempos que vamos vivendo, com esta gente que de há décadas vai ocupando as lideranças sociais, politicas e económicas, lembrei-me da avó Leonor e dos troca-tintas.
Terra de troca-tintas.
Esta introdução parece vir a propósito de mais um enorme exemplo de “trocatintismo”, a cambalhota de Assunção Cristas após a “coligação” que estabeleceu na AR com o PSD. BE e PCP na questão da contagem do tempo de serviço dos professores, aguardando-se ainda o salto à retaguarda de Rui Rio. Mas não, de todo, vem a propósito do “trocatintismo” de todos os responsáveis neste processo. E aqui todos, significa mesmo todos, todos os actores com responsabilidade neste processo.
Terra de troca-tintas.

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