Dos resultados das eleições
europeias e sem pretensão de análise, por falta de engenho e arte seria impossível
concorrer com as centenas de opinadores, politólogos, senadores, comentadores,
especialistas em assuntos europeus, etc., duas notas telegráficas.
Em primeiro lugar a preocupante taxa
de abstenção que apesar da subida de votantes se mantém demasiado alta.
Da campanha e como tem sido
habitual em campanhas anteriores não resultou o esclarecimento sobre que modelos
de desenvolvimento sustentam os diferentes partidos e famílias políticas europeias, como equilibrar as
necessárias políticas sociais com o funcionamento liberal das economias e como
estes equilíbrios se reflectirão na vida das pessoas, qual o compromisso entre
a autonomia dos diferentes países e o centralismo normalizador e burocrata de
Bruxelas, etc.
Como escrevi há dias, a campanha mostrou
um espectáculo degradante e cacofónico. Os discursos, insisto nas excepções,
foram de uma mediocridade notável e centrados excessivamente em “não assuntos”,
ataques pessoais e insultos, afirmações manhosas que compõem uma democracia com
défice de solidez ética, competência e visão.
Este cenário terá dado um forte
contributo para uma inquietante abstenção que leva a que uma minoria, parte
mobilizada também por valores e convicções mas outra parte influenciada por
manipulação e desinformação possa decidir sobre os destinos de uma maioria
desinteressada e cansada. Sai derrotada a cidadania.
Uma segunda nota para registar o
tombo eleitoral dos partidos de centro-direita, PSD e CDS-PP e também da
descida. Do meu ponto de vista, estes resultados sugerem que apesar da
narrativa de que “There Is No Alternative”, as pessoas que foram votar
continuam a achar que sim, afinal havia outra alternativa e com outros actores.
A ver vamos o impacto destes
resultados no clima político dos próximos meses e nas legislativas que estão
já aí à porta.
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