A psicóloga Maria José Vilaça, da
Associação dos Psicólogos Católicos, está de novo envolvida num episódio que me
parece lamentável desde logo pela forma como foi conhecido, através de uma
gravação com câmara oculta no âmbito de uma reportagem da TVI, método de
investigação de duvidosa legalidade e robustez ética e deontológica.
A senhora desenvolve “terapias “de reconversão para homossexuais realizadas numa Igreja e produz afirmações
obviamente fora dos quadros científicos reconhecidos.
Recordarão que há algum tempo afirmou
à revista Família Cristã que os pais, em nome do amor, devem aceitar os filhos
homossexuais mesmo sem aceitar a homossexualidade, porque “sei que ele vive de
uma forma que eu sei que não é natural e que o faz sofrer.” É como ter um filho
toxicodependente, não vou dizer que é bom.”
Apesar de ter sido desencadeado
um procedimento por parte da Ordem dos Psicólogos Portugueses, ainda não
terminado, a Dra. Vilaça prossegue a sua guerra santa. No seu entendimento essas coisas da droga e
da homossexualidade não são naturais, são doenças e são más, fazem sofrer e os bem formados
devem cuidar e aceitar estes pobres coitados que caíram nas garras de tal
padecimento. Devem ainda ser tratados os que padecem destas doenças.
Não Dra. Maria José Vilaça, precisa
de entender que dimensões naturais como valores, convicções, preconceitos, sendo
legítimas não são ciência e podem fazer sofrer pessoas. Assim usadas não são
boas, são tóxicas.
É por episódios desta natureza que
quando em algumas circunstâncias me perguntam se sou psicólogo me apetece responder que sou
agricultor. Gosto muito da agricultura, estou aqui no Monte ainda com umas árvores para limpar, mas gosto ainda mais da psicologia
sobretudo, naturalmente, da área em que trabalho, a psicologia da educação. Por
isso me inquieta a forma como por vezes é maltratada por aqueles que melhor a
deviam tratar, nós próprios, em nome da ciência, em nome da ética e da
deontologia e em nome das pessoas e instituições com quem trabalhamos.
É sempre com alguma decepção e
preocupação que oiço alguns discursos e conheço alguns comportamentos ou atitudes.
Não servem a ninguém.
A Ordem divulgou que será desencadeado
um novo procedimento que, evidentemente, não terá qualquer efeito na
intervenção da Dra. Vilaça. As afirmações registadas são esclarecedoras.
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