Ao que li no Público, na audição de
ontem na Comissão da Educação e Ciência, o Ministro da Educação, em resposta a
uma pergunta de uma deputada sobre a negociação prevista no OGE e base do veto ”brando”
do Presidente da República à proposta do Governo de contabilização do tempo de
serviço dos professores, afirmou que o processo negocial seria iniciado “atempadamente”,
que o Governo “tem o seu próprio calendário" e que o OGE é “válido para todo ao
ano de 2019”.
Não consta que o Ministro se
tenha rido quando fez estas afirmações, poderia ser uma tentativa patética de “engraçadismo”, pelo que só poder considerada uma afirmação séria e, no mínimo, lamentável.
Umas notas breves e repescadas de
um não especialista sobre a questão da comunicação, sobretudo das lideranças
políticas.
A primeira questão é exactamente
essa, o peso social do mensageiro condiciona o conteúdo da mensagem, ou seja, a
mesma frase não tem o mesmo valor afirmada por um cidadão comum ou proferida
por uma figura com responsabilidades de decisão, neste caso em matéria de
cultura e políticas públicas nesta área. Aliás, trata-se do ministro da
Educação.
Pode sempre afirmar-se que haverá
alguma razão nas afirmações ou que a intenção não traduz o valor facial das
afirmações.
No que respeita à eventual razão,
mesmo que em algumas situações pudesse ser entendida, toda a gente as ouve pelo
que não podem deixar de as analisar e levar em consideração.
Quanto à intenção, a sua não
existência, e até posso esforçar-me por acreditar que não exista, não colhe.
Numa certa altura do desenvolvimento dos miúdos, o seu desenvolvimento moral e
intelectual leva-os a considerar que a sua não intenção de realizar algo,
desculpa o que aconteceu, tal entendimento traduz-se no frequente "foi sem
querer" e como "foi sem querer", não tem problema. Neste
patamar, não funciona o "foi sem querer" e não podemos dizer a
primeira "coisa que nos passa pela cabeça".
A questão é que as lideranças, as
que verdadeiramente lideram, apesar de não possuírem, felizmente, o dom da
infalibilidade e da perfeição, não podem, não devem proferir determinadas
palavras e persistirem teimosamente na sua afirmação.
Trata-se de mais um exemplo de palavras
(mal)ditas que ao longo dos anos têm sido proferidas por muita gente dos vários
quadrantes políticos e áreas de intervenção.
Sem comentários:
Enviar um comentário