A organização portuguesa do
Global Teacher Prize solicitou à GfK a realização de um estudo com o objectivo de
conhecer a percepção que a sociedade portuguesa tem dos professores.
Os resultados divulgados sugerem algumas
notas direccionadas para o que nos parece mais interessante.
Professor é a terceira profissão em que os portugueses mais confiam,
depois dos bombeiros com 94% de referências temos os médicos e os professores
com 83% o que está em linha com outros estudos.
É de salientar a confiança das
pessoas em quem lhes constrói o futuro, os professores, cuidando do seu mais
precioso bem, os filhos, apesar de tanta gente, opinadores e tudólogos, responsáveis da
tutela e mesmo algumas vozes pertencentes à classe, se esforçar por abalar e
desvalorizar a imagem e função destes profissionais, seja por ignorância, má-fé,
agenda política, ingenuidade ou interesses corporativos.
No entanto, não é uma profissão
muito atractiva, apenas 1% a considera como objectivo profissional. No entanto,
se considerarmos a forma com tantas vezes a profissão é mal tratada e
desvalorizada e a extrapolação para o universo total nem me parece um mau indicador.
O que me parece também
interessante é que a rejeição de ter como profissão professor é mais baixa
entre os grupos com mais estatuto escolar e social, do 1.º e do 2.º ciclo do
ensino básico, o nível de rejeição é de 93%. Se considerarmos quem realizou o
secundário o indicador já é 82% e para as pessoas com formação superior é 51%. Se
analisarmos os grupos sociais os indicadores vão no mesmo sentido, o nível de
recusa da profissão professor é de 56% nas classes A e B e de 89% nas classes
mais baixas, D e E. Parece claro que as pessoas cujo trajecto de vida as ligou
mais à escola encaram mais positivamente a possibilidade o ser professor.
Aliás, 89% dos inquiridos vê a profissão como desgastante e 62% afirma que “não
é qualquer um que pode ser professor”. Bem que o sabemos e seria interessante
que muita que perora sobre fizesse a experiência.
Também me parece de registar que
69% acha que a qualidade é elevada e que 91% afirma que os professores foram
importantes na sua carreira escolar e 86% afirma que essa influência se
estendeu à globalidade da sua vida. Aliás 71% diz que teve um professor que foi
muito importante na sua vida e estes dados ajudam a perceber a razão pela qual 92%
dos inquiridos valoriza mais as competências pedagógicas dos docentes que outras
áreas de competência.
De facto, quando qualquer de nós
faz um esforço para recuperar lembranças positivas sobre os professores, poucos
ou muitos, com que nos cruzámos durante o nosso trajecto escolar, creio que
quase todos nos lembramos de professores que continuam na nossa lembrança não
só pelos saberes escolares que nos ajudaram a adquirir mas, sobretudo, por
aquilo que representaram e foram para nós, ou seja, pela forma como nos
marcaram. Cada um desses professores é, certamente, o melhor professor que
conhecemos.
Por isso, cada vez mais estou
convicto de que os professores, tanto quanto ensinar o que sabem, ensinam o que
são, ou seja, existem muitos que nos ensinam conhecimentos e competências, o
que é bom e indispensável, mas nem todos permanecem com a gente.
Parece-me sempre oportuno mas
nestes tempos mais que nunca acentuar a importância desta dimensão mais ética e
afectiva do ensino. Deve ser valorizada e promovida para que os miúdos possam,
posteriormente, falar dos professores que os marcaram e que, por essa razão,
continuaram com eles.
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