quinta-feira, 30 de novembro de 2017

DOS ESTUDOS E DA EVIDÊNCIA

De há uns tempos para cá instalou-se de forma mais generalizada o recurso a “Segundo um estudo …”, “De acordo com um estudo …”, “Foi divulgado um estudo que …” ou a outras variações do mesmo tema, para afirmar ideias ou opiniões. A educação não escapa a este tipo de funcionamento.
Neste espaço faço-o com alguma frequência, também.
Mais recentemente, importa ir actualizando, deixámos de referir os estudos e passamos a usar a “evidência”, ou seja, “Segundo a evidência ...”, “De acordo com a evidência …”, “A evidência mostra …”, etc.
O que me parece curioso é que se mantém a tentação de com alguma frequência se construir, interpretar e divulgar os estudos para mostrar … a evidência desejada.
Na educação, também.
Este “desabafo” não tem a ver evidentemente com a necessidade e a qualidade da generalidade dos estudos, tenho realizado alguns, orientado muitos e ainda leio regularmente muitos outros. O desabafo decorre exactamente disto e do que fazemos com os dados.
Recordo um velho professor pertencente a uma prestigiada universidade francesa que numa aula nos dizia qualquer coisa como, “o investigador tortura os dados até eles confessarem”.
E, de facto, é curioso analisar muitos estudos e, sobretudo, a forma como os seus dados são interpretados, por vezes com leituras opostas.
Quase sempre uma questão de agenda.

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