terça-feira, 28 de novembro de 2017

DA INDIFERENÇA E DA DIFERENÇA

Estou de volta de umas notas preparatórias da colaboração de amanhã na Biblioteca Municipal do Barreiro num Mesa redonda “Vamos trocar a indiferença pela diferença” em que abordarei o universo da Educação. A iniciativa inscreve-se na Semana da Diferenç@ a decorrer no Barreiro e por coincidência tinha acabado de encontrar no Expresso um impressionante testemunho prestado por uma família que tem dois filhos, gémeos, com paralisia cerebral.
A capacidade de luta, o optimismo, a resiliência demonstrados por tantas famílias nestas circunstâncias são simultaneamente uma inspiração e um murro na indiferença e nas dificuldades que sentem mal acomodadas pelas comunidades e por políticas que desconsideram os seus direitos.
As crianças com necessidades especiais, as suas famílias e muitos dos professores e técnicos sabem, sobretudo sentem, um conjunto enorme de dificuldades para, no fundo, garantir não mais do que algo básico e garantido constitucionalmente, o direito à educação, à vida familiar e tanto, quanto possível, com padrões de vida próximos do que passa com toda gente, postulado com décadas de enunciado mas de concretização difícil e, às vezes, adiada. É assim que as comunidades estão organizadas, pelo que não representa nada de extraordinário e muito menos um privilégio.
Como é evidente, em situações de dificuldade económica, as minorias, são sempre mais vulneráveis, falta-lhes voz.
É sempre importante sublinhar que, falando de educação, a educação de qualidade deve ser para TODOS e TODOS devem aprender, crescer e participar juntos nas comunidades educativas a que pertencem.
Não é moda, não é privilégio, é uma questão de direitos que não são de geometria variável.
Não é uma utopia, é algo de uma simplicidade e realismo absolutos e simples de enunciar, os miúdos devem estar juntos e participar nas actividades da comunidade da forma que conseguem, acomodando as diferenças entre si, entre todos.
É também e de facto uma questão ideológica como todas as dimensões da vivência humana, pois envolve valores, não é uma questão "meramente" técnica, científica ou pedagógica.
Uma outra ideia prende-se com o envolvimento dos pais nestas questões e muito para além da acção, muitas vezes difícil, com os seus próprios filhos. Neste sentido, a construção de redes que funcionam como suporte, apoio, partilha e voz é um contributo verdadeiramente importante.
Na verdade, precisamos urgentemente de construir ou reconstruir comunidades, não só de pais, que funcionem em rede.
Também não é uma utopia, é "só" entendermos que assim deve ser.

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