Estou de volta de umas notas
preparatórias da colaboração de amanhã na Biblioteca Municipal do Barreiro num Mesa
redonda “Vamos trocar a indiferença pela diferença” em que abordarei o universo
da Educação. A iniciativa inscreve-se na Semana da Diferenç@ a decorrer no
Barreiro e por coincidência tinha acabado de encontrar no Expresso um impressionante testemunho prestado por uma família que tem dois filhos, gémeos, com paralisia
cerebral.
A capacidade de luta, o
optimismo, a resiliência demonstrados por tantas famílias nestas circunstâncias
são simultaneamente uma inspiração e um murro na indiferença e nas dificuldades
que sentem mal acomodadas pelas comunidades e por políticas que desconsideram
os seus direitos.
As crianças com necessidades
especiais, as suas famílias e muitos dos professores e técnicos sabem,
sobretudo sentem, um conjunto enorme de dificuldades para, no fundo, garantir
não mais do que algo básico e garantido constitucionalmente, o direito à
educação, à vida familiar e tanto, quanto possível, com padrões de vida
próximos do que passa com toda gente, postulado com décadas de enunciado mas de
concretização difícil e, às vezes, adiada. É assim que as comunidades estão
organizadas, pelo que não representa nada de extraordinário e muito menos um
privilégio.
Como é evidente, em situações de
dificuldade económica, as minorias, são sempre mais vulneráveis, falta-lhes
voz.
É sempre importante sublinhar
que, falando de educação, a educação de qualidade deve ser para TODOS e TODOS
devem aprender, crescer e participar juntos nas comunidades
educativas a que pertencem.
Não é moda, não é privilégio, é
uma questão de direitos que não são de geometria variável.
Não é uma utopia, é algo de uma
simplicidade e realismo absolutos e simples de enunciar, os miúdos devem estar
juntos e participar nas actividades da comunidade da forma que conseguem,
acomodando as diferenças entre si, entre todos.
É também e de facto uma questão
ideológica como todas as dimensões da vivência humana, pois envolve valores,
não é uma questão "meramente" técnica, científica ou pedagógica.
Uma outra ideia prende-se com o
envolvimento dos pais nestas questões e muito para além da acção, muitas vezes
difícil, com os seus próprios filhos. Neste sentido, a construção de redes que
funcionam como suporte, apoio, partilha e voz é um contributo verdadeiramente
importante.
Na verdade, precisamos
urgentemente de construir ou reconstruir comunidades, não só de pais, que
funcionem em rede.
Também não é uma utopia, é
"só" entendermos que assim deve ser.
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