A Edulog, estrutura da Fundação
Belmiro de Azevedo, organizou esta tarde um debate integrado no ciclo de
conferências EDUTALKS com o sugestivo título “TELEMÓVEL NA SALA DE AULA: SIM OU
NÃO?”
O Público ouviu alguns dos
especialistas que participam no debate e encontrou opiniões “a favor” e “contra”.
Confesso que é com alguma
perplexidade que vejo matérias desta natureza serem apreciadas a preto e branco,
a favor ou contra. Aliás, passou-se, passa-se, o mesmo com a utilização de computadores na sala de aula. Algumas notas.
Como já tenho afirmado,
considerando o que se sabe em matéria de desenvolvimento das crianças e adolescentes,
dos processos de ensino e aprendizagem e da sua complexa teia de variáveis, das
experiências e dos estudos neste universo, mesmo quando parece contraditórios
entendo que:
1 – O contacto precoce com as
novas tecnologias é, por princípio, uma experiência positiva para os miúdos,
para todos os miúdos, se considerarmos o mundo em que vivemos e no qual eles se
estão a preparar para viver. Nós adultos estamos a pagar um preço elevado pela
iliteracia, os nossos miúdos não devem correr o risco da iliteracia
informática.
2 – As novas tecnologias,
incluindo o telemóvel, na sala de aula são mais uma ferramenta, não são A
ferramenta, não substituem a escrita manual, não substituem a leitura em papel,
não substituem a aprendizagem do cálculo, … não substituem coisa nenhuma, são
“apenas” mais um meio ao dispor de alunos e professores para ensinar e aprender
e agilizar o acesso a informação.
3 – É preciso evitar o deslumbramento
provinciano do novo-riquismo com as tecnologias, reafirmo, são apenas
ferramentas que a evolução nos disponibiliza e não algo que nos domina e é
visto como uma panaceia.
4 – O que dá qualidade e eficácia
aos materiais e instrumentos que se utilizam na sala de aula não é a tanto a
sua natureza mas, sobretudo, a sua utilização, ou seja, incontornavelmente, o
TRABALHO DO PROFESSOR é uma variável determinante. Posso ter um computador ou
um telemóvel para fazer todos os dias a mesma tarefa, da mesma maneira, sobre o
mesmo tema, etc. Rapidamente se atinge a desmotivação e ineficácia, é a
utilização adequada que potencia o efeito das capacidades dos materiais e
dispositivos.
5 – A sua utilização em sala de
aula é também uma forma de aumentar os níveis de auto-regulação no seu uso pois terão a supervisão dos professores e não o acesso muitas vezes
sem controlo por parte dos pais.
6 - Para além de garantir o
acesso dos miúdos aos materiais é fundamental disponibilizar a formação e apoio
ajustados aos professores sem os quais se compromete a qualidade do trabalho a
desenvolver bem como, evidentemente, assegurar as condições exigidas para que o
material possa ser rentabilizado.
7 – Finalmente, como em todas as
áreas, é imprescindível avaliar o trabalho realizado, única forma de garantir a
sua qualidade.
8 – A utilização do telemóvel por
parte dos alunos para comportamentos inadequados, não é um problema do telemóvel,
é um problema de disciplina na sua utilização. A proibição não funciona
ficazmente, muitos comportamentos proibidos são diariamente evidenciados, por
miúdos e graúdos (alguns até bem “graúdos”).
9 - Para alumas crianças ou jovens com NEE as novas tecnologias, incluindo o telemóvel, constituem uma ferramenta imprescindível de inclusão, participação e aprendizagem.
Não conheço as conclusões do debate
mas gostava que apesar de ter começado com “a favor” ou “contra” fosse um pouco
mais heurístico.
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