O Expresso aborda a questão dos
candidatos aos cursos de Formação de Professores e Ciências da Educação serem os alunos com médias mais baixas no processo de candidatura ao ensino superior. São colocadas análises que justificam reflexão mas também alguma prudência.
Os dados de base para a peça no Expresso mostram que os candidatos aos cursos de Formação de Professores e Ciências da Educação tiveram na 1ª fase uma média de 130.7 em 200, apenas acima dos candidatos aos cursos de Serviços Social. Por outro lado, segundo os dados do PISA de 2015 só 1.5% dos alunos de 15 anos envolvidos encara a possibilidade de ser professor sendo que estes alunos se situam nos níveis mais baixos de resultados a Matemática e Leitura, o contrário do que se verifica noutros países.
Os dados de base para a peça no Expresso mostram que os candidatos aos cursos de Formação de Professores e Ciências da Educação tiveram na 1ª fase uma média de 130.7 em 200, apenas acima dos candidatos aos cursos de Serviços Social. Por outro lado, segundo os dados do PISA de 2015 só 1.5% dos alunos de 15 anos envolvidos encara a possibilidade de ser professor sendo que estes alunos se situam nos níveis mais baixos de resultados a Matemática e Leitura, o contrário do que se verifica noutros países.
Dito de outra maneira e de forma
simples, são fundamentalmente os alunos de 15 anos com menor desempenho médio (critério PISA) que admitem vir a
ser professores e são basicamente os alunos mais “fracos”na finalização do secundário que se candidatam a professores. No entanto, é interessante recordar que no PISA de 2012 e no conjunto dos vários países, a maioria dos alunos portugueses
é da opinião de que os professores os ajudam. Portugal e Finlândia lideravam a
satisfação com a ajuda prestada pelo corpo docente (83% e 85%,
respectivamente). Isto quer dizer , conforme outros estudos demonstram. que os alunos valorizam os professores mas não a profissão o que merece reflexão.
Duas notas prévias.
Em primeiro lugar julgo ser necessária prudência sobre a interpretação destes dados e o seu impacto na qualidade dos trajectos futuros, a relação entre o perfil de desempenho de um aluno de 15 anos ou as médias do acesso ao ensino superior e o seu potencial desempenho futuro como professor deve ser vista com extrema reserva. Não é garantido que estes alunos venham a ser maus profissionais como não é garantido que todos os alunos com médias mais elevadas que se candidatam a outras áreas científicas venham a ser excelentes profissionais.
Em primeiro lugar julgo ser necessária prudência sobre a interpretação destes dados e o seu impacto na qualidade dos trajectos futuros, a relação entre o perfil de desempenho de um aluno de 15 anos ou as médias do acesso ao ensino superior e o seu potencial desempenho futuro como professor deve ser vista com extrema reserva. Não é garantido que estes alunos venham a ser maus profissionais como não é garantido que todos os alunos com médias mais elevadas que se candidatam a outras áreas científicas venham a ser excelentes profissionais.
Uma segunda nota para defender
que este cenário também se liga ao mecanismo de acesso ao superior. De há muito
que defendo que as médias de conclusão do secundário deveriam ser apenas um dos
critérios de acesso ao superior e que deveriam ser as instituições de ensino
superior a estabelecer o conjunto de critérios na ordenação do acesso ás
diferentes áreas científicas. Um caso simples (talvez demasiado simples) para
ilustrar isto. Eu quero ser professor mas sei que as notas de acesso são baixas
devido á baixa procura. Assim e como não me parece particularmente motivador o
que ando a aprender no secundário, cumpro a formação com resultados baixos que
me permitem aceder ao meu sonho no qual vou investir e e ser bom aluno e bom
profissional. É inverosímil? Não creio.
No caso dos professores e das
ciências da educação, como noutras áreas, não é impossível desenhar
dispositivos de acesso que despistem vocações e motivações, competências
diversas e requisitos considerados pertinentes e considerem também, naturalmente, as médias
de conclusão do secundário.
No que que respeita à construção de um bom professor importa ainda não esquecer variáveis fundamentais, a qualidade da sua formação o que obriga a reflectir sobre o que é feito nesta matéria e a regulação do acesso à carreira profissional através da única forma de o fazer correctamente, o desempenho em sala de aula, e não uma sinistra PACC de má memória.
No que que respeita à construção de um bom professor importa ainda não esquecer variáveis fundamentais, a qualidade da sua formação o que obriga a reflectir sobre o que é feito nesta matéria e a regulação do acesso à carreira profissional através da única forma de o fazer correctamente, o desempenho em sala de aula, e não uma sinistra PACC de má memória.
Por outro lado também são de
considerar alguns ouros aspectos. Não creio que a este cenário sejam alheios alguns discursos
produzidos sobre os professores que desvalorizam e empobrecem o seu estatuto
social e a representação sobre a classe e que são produzidos, por exemplo, por
“opinion makers” que frequentemente têm agendas implícitas e quase sempre estão
mal informados.
Talvez também não seja alheia a
instabilidade nas políticas educativas com impacto óbvio na estabilidade das
carreiras e da sua valorização. Provavelmente em muitas famílias, as que mais
probabilidades terão de ter filhos com melhor desempenho escolar, a profissão
professor não é uma escolha incentivada ou, no mínimo, bem aceite.
Também alguns discursos vindos
dos próprios representantes dos professores podem muitas vezes contribuir para
equívocos e representações desajustadas sobre os professores e os seus
problemas.
Julgo ainda que deve ser considerado
o impacto de alterações nos valores, padrões e estilos e vida das famílias que
fazem derivar para a escola, para os professores, parte do papel que
competia(e) à família. Este trabalho é realizado, muitas vezes, sem qualquer
tipo de apoio ou suporte, com cada professor entregue a si mesmo em climas
institucionais pouco favoráveis.
Deste cenário resulta como tantas
vezes tenho afirmado a necessidade da valorização dos docentes e da sua
profissão de modo a que se torne mais atractiva. Relembro e a peça do Expresso
refere-o que o envelhecimento muito significativo da classe colocará muito
rapidamente a necessidade de mais docentes.
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