Em mais um interessante trabalho
no ComRegras, Alexandre Henriques analisa a carga horária dos alunos
portugueses e conclui, tal como já era conhecido, que o trabalho nos primeiros
anos de escolaridade é mais volumoso que nos anos do secundário.
Algumas notas começando por
referir que sendo necessário ter em atenção as idades dos alunos e equilíbrio curricular na definição da
carga horária, parece ainda mais significativo e a merecer atenção séria repensar
o tempo total que os alunos passam na escola.
Tal como se passa com os adultos
na sua vida profissional, os nossos miúdos estão mais tempo na escola que os
alunos da maioria dos países europeus. Estamos no tempo da "escola a tempo
inteiro".
No entanto, ainda há quem insista
que os miúdos trabalham pouco, não devem brincar.
O tempo passado na escola é
apenas uma variável entre muitas que influenciam a qualidade do trabalho. Assim
sendo, mais tempo na escola não significa melhores resultados escolares. Aliás,
como se passa noutros países que olham para a escola como escola e não como uma
estrutura que, além de escola, guarda crianças e jovens. Sendo certo que a ocupação de crianças e jovens é uma questão importante, não pode ser resolvida à custa do prolongamento sem fim da estadia dos alunos na escola. Como também disse, o tempo da escola também
deve considerar a idade dos alunos
Por isso, a mais séria reserva
com a ideia de uma "escola a tempo inteiro" que deveria
transformar-se num objectivo de educação a tempo inteiro na qual o trabalho no
tempo "escolar" fosse potenciado com os recursos necessários, com
currículos e apoios adequados, com autonomia escolar a sério, etc. Se assim
fosse, talvez a “carga horária” que os nossos alunos mais novos têm pudesse ser
diferente.
Não seria preciso mais tempo
global se tivéssemos melhor tempo e melhor distribuído.
Talvez fosse o tempo de iniciar
uma reflexão sobre estas matérias, envolvendo e ouvindo vários actores,
estudando experiências de outros sistemas e, eventualmente, de uma forma
tranquila, oportuna no tempo, repensar o calendário escolar. Não é fácil pois a
natural conflitualidade de interesses criará alguma dificuldade. Veja-se as
mais recentes propostas da Confap, vão sistematicamente no sentido de prolongar
a estadia dos miúdos na escola
Nesta reflexão deveria estar
incluída a discussão dos benefícios e eventuais efeitos negativos da criação de
uma “pausa” a meio do primeiro período modelo existente em vários países.
No entanto, de uma forma mais
global creio que seria interessante reflectir sobre os tempos da escola olhando
para todos os aspectos e não apenas a “carga curricular”.
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