Em mais um trabalho no âmbito do
projecto aQueduto, uma parceria entre o CNE e a Fundação Francisco Manuel dos
Santos, com base na análise dos resultados no PISA verificados nos anos de 2000
e 2012 emerge uma melhoria significativa mesmo em escolas integradas em contextos com
características sociodemográficas menos favoráveis ao rendimento escolar. Esta
relação entre variáveis como estatuto social e económico e qualificação escolar
dos pais com o rendimento escolar dos filhos tem ainda um peso mito forte.
No entanto, como este estudo
sugere e é conhecido de outros trabalhos e muitas experiências a escola pode
fazer a diferença.
Numa altura em que tantas vezes
se questiona e responsabiliza a escola é bom saber, nós sabemos, que, apesar de
tudo, a escola … ensina e educa.
Muitas vezes penso que nos falta
um pouco a “cultura" de valorizar e divulgar o que corre bem. Embora se
compreendam algumas razões estamos quase sempre mais direccionados para os muitos problemas e
dificuldades sempre presentes no complexo universo da educação.
Na verdade apesar do peso das
variáveis referidas, o trabalho na e da escola e dos professores é um factor
significativamente explicativo do sucesso dos alunos mais vulneráveis e capaz
de contrariar o peso das outras variáveis que estão presentes no contexto de vida desses alunos.
O trabalho na escola envolvendo
organização, clima e liderança por exemplo e, finalmente o trabalho em sala de
aula em que surge a diferença produzida pelo professor, pelos professores.
Quando abordo estas questões cito
com frequência uma afirmação de 2000 do Council for Exceptional Children,
"O factor individual mais contributivo para a qualidade da educação é a
existência de um professor qualificado e empenhado".
No entanto a existência de
professores qualificados e empenhados não depende só de variáveis individuais
de cada docente, decorre também de um conjunto de políticas educativas que
promovam a qualificação, a motivação e a valorização a diferentes níveis do
trabalho dos professores.
De políticas educativas que em
termos genéricos e em termos mais particulares como currículos, sistema de
organização, recursos humanos docentes, técnico e funcionários, tipologia e
efectivo de escolas e turmas, autonomia das escolas são apenas alguns exemplos
de como a diferença tem que ser construída também antes de chegar à sala de aula.
E nesta matéria também temos
muito trabalho para realizar.
Sem comentários:
Enviar um comentário