Durante o noticiário televisivo das 13h na RTP1 apareceu uma
boa notícia. O Ministro da Educação anunciou que o ME está a estudar a introdução de ajustamentos nos mega-agrupamentos.
Finalmente a reversão, seguindo a terminologia em moda, irá chegar, veremos como e quando, a um dos problemas mais significativos criado pela a política
educativa dos últimos anos, designadamente a suportada pelo fundamentalismo austeritário
que a transformou em política contabilística,os mega-agrupamentos.
Muitas vezes aqui escrevi que, potencialmente, os mega-agrupamentos
se transformam em mega-problemas.
Recordo que o Relatório TALIS (Teaching and Learning
International Survey) de 2013, produzido pela OCDE, referia que Portugal
apresentava um número médio de alunos por escola, 1152, que é mais do dobro da
média dos países da OCDE, 546.4. Notável.
De há muito que me refiro aos riscos da política de
construção de mega-agrupamentos e mega-escolas que se subordinou, como disse, a
lógicas de contabilidade e mais fácil gestão e controlo político do sistema
diminuindo o número de direcções escolares.
É conhecido e reconhecido que um dos factores mais
contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina escolar é
o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por desperdício de
recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a Finlândia, mas mais
recentemente o Reino Unido e os Estados Unidos optam por estabelecimentos
educativos que não ultrapassam a dimensão média de 500 alunos com o objectivo
de requalificar a sua educação.
Comunidades educativas, com escolas gigantescas e/ou com dispersas
e diluídas não são a melhor forma de promover qualidade, comprometem a coesão das
práticas e das equipas de docentes,
técnicos e funcionários
Sabe-se, insisto, de há muito, que o efectivo de escola
está mais associado aos problemas que o efectivo de turma, ou seja,
simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito grandes,
dentro, obviamente, dos limites razoáveis.
É certo que o ME durante a política de “mega-agrupar” fez o
pleno, aumentou o número de alunos por escola e o número de alunos por turma e
face a críticas reagia como habitual nas lideranças da 5 de outubro, citava ou
ignorava estudos, experiências e especialistas, nacionais ou internacionais,
conforme os seus interesses.
As escolas muito grandes, com a presença de alunos com
idades muito díspares, são autênticos barris de pólvora e contextos educativos
que dificilmente promoverão sucesso e qualidade apesar do esforço de
professores, alunos, pais e funcionários. Recorrentes episódios e relatos de
professores e directores sustentam esta afirmação.
Veremos o que serão os “ajustamentos” em estudo mas que é
uma boa notícia, é.
1 comentário:
nem mais!
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