Como é sabido, está anunciado um
trajecto que passará por mudanças na organização e conteúdos dos currículos do
ensino básico.
O Secretário de Estado da
Educação, João Costa, divulgou alguns eixos dessas mudanças.
Referiu aspectos como a revisão da extensão dos
currículos definindo com a colaboração das associações profissionais as
dimensões essenciais em cada área de conhecimento que permitirá maior
flexibilização e diferenciação do trabalho em sala de aula, a promoção um modelo de
organização e conteúdos que sustentem práticas de gestão curricular mais
integrada ou o incremento da margem de autonomia das escolas na gestão curricular.
Por outro lado, as mudanças a
introduzir serão sustentadas pela definição de um “Perfil de competência”
desejado para os alunos que terminam o ensino secundário e que está em
elaboração por um grupo coordenado por Guilherme d’Oliveira Martins.
É muito frequente no universo da
educação que quando se fala de mudanças surjam inúmeras referências centradas no
excesso de alterações o que retira estabilidade e pensamento a
prazo a este universo.
Paradoxalmente, ou talvez não, existem
outras tantas referências que afirmam a necessidade de mudanças.
A este cenário não será alheio um mundo de conflitualidade de interesses e visões em matéria de educação. Acresce ainda que as opiniões sobre o excesso de mudanças ou a sua necessidade são de uma percepção altamente dispersa, quase individualizada, em modo “cada cabeça, sua sentença”.
A este cenário não será alheio um mundo de conflitualidade de interesses e visões em matéria de educação. Acresce ainda que as opiniões sobre o excesso de mudanças ou a sua necessidade são de uma percepção altamente dispersa, quase individualizada, em modo “cada cabeça, sua sentença”.
Relativamente às mudanças em
matéria de currículo, ao seu anúncio correspondeu de imediato o habitual coro
de “lá vem mudança”, “retorno do facilitismo”, etc. O outro coro afina pela
necessidade de ajustamento, embora para ambas as posições seja ainda pouco
claro o sentido, o alcance, o calendário ou o método da mudança.
Não me lembro de muitas opiniões
que entendessem como bons os currículos actuais. São mais frequentemente
entendidos como extensos, demasiado prescritivos e normativos, pouco amigáveis
para as diferenças entre alunos e para o número de alunos habitual nas nossas
salas de aula.
Não me lembro de muitas opiniões
defenderem que 998 metas curriculares para os nove anos do ensino básico em
Português ou as 703 metas curriculares para Português e Matemática no 1º ciclo
do básico, bem como o conteúdo de muitas destas metas, fossem algo de muito
positivo para o trabalho bem-sucedido de alunos e professores, antes pelo
contrário.
Em que ficamos?
Os princípios genéricos, apenas
isso porque o resto é desconhecido, da intenção de mudança vão ao encontro dos
modelos curriculares de muitos países habitualmente considerados como possuindo sistemas
educativos com qualidade reconhecida.
É verdade que mudar, só por
mudar, é errado e tem consequências negativas a vários níveis.
Mas também é verdade que não
mudar algo que não é positivo tem custos muito elevados, prolongados e com
impacto negativo em diferentes dimensões.
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