sábado, 1 de outubro de 2016

OS MEGA-AGRUPAMENTOS EM REVERSÃO

Durante o noticiário televisivo das 13h na RTP1 apareceu uma boa notícia. O Ministro da Educação anunciou que o ME está a estudar a introdução de ajustamentos nos mega-agrupamentos.
Finalmente a reversão, seguindo a terminologia em moda, irá chegar, veremos como e quando, a um dos problemas mais significativos criado pela a política educativa dos últimos anos, designadamente a suportada pelo fundamentalismo austeritário que a transformou em política contabilística,os mega-agrupamentos.
Muitas vezes aqui escrevi que, potencialmente, os mega-agrupamentos se transformam em mega-problemas.
Recordo que o Relatório TALIS (Teaching and Learning International Survey) de 2013, produzido pela OCDE, referia que Portugal apresentava um número médio de alunos por escola, 1152, que é mais do dobro da média dos países da OCDE, 546.4. Notável.
De há muito que me refiro aos riscos da política de construção de mega-agrupamentos e mega-escolas que se subordinou, como disse, a lógicas de contabilidade e mais fácil gestão e controlo político do sistema diminuindo o número de direcções escolares.
É conhecido e reconhecido que um dos factores mais contributivos para o insucesso, absentismo e problemas de disciplina escolar é o efectivo de escola. Não é certamente por acaso, ou por desperdício de recursos, que os melhores sistemas educativos, lá vem a Finlândia, mas mais recentemente o Reino Unido e os Estados Unidos optam por estabelecimentos educativos que não ultrapassam a dimensão média de 500 alunos com o objectivo de requalificar a sua educação.
Comunidades educativas, com escolas gigantescas e/ou com dispersas e diluídas não são a melhor forma de promover qualidade, comprometem a coesão das práticas e das  equipas de docentes, técnicos e funcionários
Sabe-se, insisto, de há muito, que o efectivo de escola está mais associado aos problemas que o efectivo de turma, ou seja, simplificando, é pior ter escolas muito grandes que turmas muito grandes, dentro, obviamente, dos limites razoáveis.
É certo que o ME durante a política de “mega-agrupar” fez o pleno, aumentou o número de alunos por escola e o número de alunos por turma e face a críticas reagia como habitual nas lideranças da 5 de outubro, citava ou ignorava estudos, experiências e especialistas, nacionais ou internacionais, conforme os seus interesses.
As escolas muito grandes, com a presença de alunos com idades muito díspares, são autênticos barris de pólvora e contextos educativos que dificilmente promoverão sucesso e qualidade apesar do esforço de professores, alunos, pais e funcionários. Recorrentes episódios e relatos de professores e directores sustentam esta afirmação.
Veremos o que serão os “ajustamentos” em estudo mas que é uma boa notícia, é.

1 comentário:

Nair disse...

nem mais!