Segundo dados oficiais, a Alemanha poupou cerca de
41 mil milhões de euros com a crise das dívidas soberanas na zona euro devido à
queda das taxas de juro sobre a sua taxa de dívida pública, considerada um
"refúgio seguro" pelos investidores do mercado.
Nada de novo embora os números sejam
significativos.
Lembrar-se-ão de dados de Julho que mostravam
como os grupos empresariais franceses e alemães foram os que mais beneficiaram
das políticas de ajuda do BCE sendo prejudicadas as empresas espanholas e
portuguesas. As taxas de juro do BCE decididas como medidas de apoio à economia
e a forma como os bancos gerem as taxas de juro nos empréstimos às empresas,
levaram a que, de acordo com a Comissão Europeia as pequenas e médias empresas
portuguesas, gregas, espanholas e cipriotas as que mais são penalizadas pagando
taxas de juro por empréstimos bancários entre os 6% e os 7% sendo que as alemãs
e as francesas beneficiam de uns mais simpáticos 2% a 3%. Muito interessante e
elucidativo.
Aliás, segundo o "Financial Times", com
base em dados do Banco Central Europeu estima-se uma diminuição de cerca de 42
mil milhões de euros em pagamentos de dívida pelas empresas europeias nos
próximos cinco anos. Acontece que esta diminuição envolve sobretudo os grandes
grupos empresariais alemães e franceses admitindo-se uma poupança de 14 e 9 mil
milhões de euros, respectivamente e a Itália, com uma diminuição de 2,3 mil
milhões. No entanto e curiosamente, Portugal e Espanha verão as suas empresas
ainda mais penalizadas do que já estão com o aumento do pagamento.
Um mês antes, dados do Eurostat mostravam como de
2009 para 2012 os países do Centro e Norte da Europa ficaram mais ricos e os do
Sul mais pobres, ou seja e como sempre, a crise tornou os ricos mais ricos e os
pobres mais pobres. Para exemplificar, Portugal em 2009 tinha Portugal um PIB per
capita 80% da média da EU27 para em 2012 passar para 75% sendo agora um dos
quatro países com menor poder de compra.
A análise dos dados mostra como os países
envolvidos em programas de austeridade impostos pela "ajuda" estão a
afundar-se em dificuldades e os países que generosamente "ajudam" vão
enriquecendo. Deve ser a isto que chama solidariedade e coesão europeias.
Parece claro que para além das enormes
responsabilidades políticas internas, importa considerar como, sem surpresa
face a muitos dados já conhecidos, que os países mais ricos têm beneficiado
fortemente com os pacotes de "ajuda solidária" dirigidos, impostos,
aos países mais pobres com os resultados conhecidos. Esta desinteressada ajuda
acontece mediante a cobrança de juros altíssimos. Mais um exemplo, Portugal
paga por ano 4,4% do seu PIB em juros, 7,2 mil milhões de euros, valor que voa
dos nossos bolsos para "dezenas de cofres de Estados e bancos
europeus".
Por outro lado e como também se sabe, as
economias fortes do norte da Europa financiam-se a taxa zero ou mesmo, estranhamente
a taxas negativas, enquanto nós, as economias do sul e a Irlanda pagamos
juros altos cujo montante seria um excelente contributo para a redução dos
nossos problemas de equilíbrio. Está certo, somos pobres, temos o dinheiro mais
caro, os mais ricos têm o dinheiro mais barato. Deve ser isto a que chamam os
mercados a funcionar.
Eu sei que sou estúpido, a economia e as finanças
constituem uma matéria inacessível ao cidadão comum, mas parece-me,
certamente de forma errada, que assim se torna mais difícil que os países em
dificuldades deixem de ser pobres e que haja maior equidade e coesão económica
e política na União Europeia.
Que não me levem a mal os nossos generosos
amigos, mas às vezes até penso que é justamente isso que pretendem com a ajuda
desinteressada que nos dão, que, naturalmente, temos de pagar mas que nos vai
deixando pobres.
Tenho até medo de estar a ser injusto para com os
nossos generosos amigos e para com os feitores que em seu nome nos administram
e estão de forma tão empenhada e eficaz a promover o nosso empobrecimento.
1 comentário:
Quanto mais pobre é um povo, mais fácil se torna criar uma situação priviligiada para auferir benefício através da exploração. A natureza de vassalagem e o espírito de servilismo que é apanágio dos filhos desta Pátria Lusa facilita os desígnios dos poderosos.
A Alemanha que começe por pagar as compensações dos danos que causaram na 1ª 2ª guerra mundiais a que foram condenados no tratado de Versailhes, não só a Portugal mas também á Grécia.
Já pagaram algum mas ainda falta muito. Quando lhes demos de comer esquecemos de vestir a luva metálica para proteger a mão de dentada que agora estamos a sentir.
Não vislumbro qualquer mudança nesta UE onde os poderosos engolem os mais fracos.
VIVA!
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