Creio que nunca vos falei do meu amigo Pardal, também não sei porque me lembrei hoje dele, do meu amigo Pardal que, na verdade, se chamava Luís mas era por Pardal que todos o tratávamos. A razão de tal chamar vinha por um lado do ar franzino e pequeno que ele tinha e, por outro lado do seu andar. Ele parecia não andar, parecia deslocar-se através de saltos pequenos, tal como os pardais. Quando eu era pequeno, ainda tínhamos passarada e campo à volta para dar por tais coisas. O Pardal tinha ainda outras particularidades, passava o tempo a saltar de uma coisa para outra, de uma brincadeira para outra. Quando começávamos qualquer brincadeira, rapidamente o Pardal que fazer outra coisa. Usava muitas vezes uma expressão “tou aqui tou a pirar-me” e curiosamente, quando nos perguntavam o quereríamos ser quando fôssemos grandes, o Pardal respondia, “andar de um lado para o outro a ver coisas”. Ninguém o levava muito a sério.
No final da adolescência, quando alguns de nós, muito poucos, continuámos os estudos o Pardal ofereceu-se como voluntário para a Marinha, assim podia viajar, dizia ele, não percebendo que a primeira viagem foi para a guerra. A vida afastou-nos, soube depois por um irmão do Pardal que ele acabou por sair da Marinha e andou pelas Américas, do Norte e Brasil. Foi desempenhando várias profissões e saltitando sempre. Ainda soube que se tinha mudado para a Holanda e perdi então o rasto ao Pardal.
Como vos disse, não sei porque me lembrei do meu amigo Pardal mas gosto de acreditar que ele ainda está a “andar de um lado para o outro a ver coisas”. Era o que ele queria ser quando fosse grande. Grande Pardal.
No final da adolescência, quando alguns de nós, muito poucos, continuámos os estudos o Pardal ofereceu-se como voluntário para a Marinha, assim podia viajar, dizia ele, não percebendo que a primeira viagem foi para a guerra. A vida afastou-nos, soube depois por um irmão do Pardal que ele acabou por sair da Marinha e andou pelas Américas, do Norte e Brasil. Foi desempenhando várias profissões e saltitando sempre. Ainda soube que se tinha mudado para a Holanda e perdi então o rasto ao Pardal.
Como vos disse, não sei porque me lembrei do meu amigo Pardal mas gosto de acreditar que ele ainda está a “andar de um lado para o outro a ver coisas”. Era o que ele queria ser quando fosse grande. Grande Pardal.
1 comentário:
Zé MORGADO: ainda recordo esses tempos em que os passarinhos eram "aos milhões"... O teu "pardal" é um pouco como todos nós, que "só estamos bem onde não estamos"; são os nossos sonhos e as nossa saudáveis ambições que nos "fazem correr as sete partidas do mundo",à procura da nossa realização.
Oxalá possas saber notícias do "PARDAL"...
BEIJO DE LUSIBERO
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