sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

ESTE PAÍS NÃO É PARA JOVENS

Lembrei-me do notável “Este país não é para velhos” dos irmãos Coen ao passar os olhos sobre o trabalho apresentado no Público sobre os jovens. É que este país também não é para jovens, aliás, começamos a ter cada vez mais dificuldade em perceber para quem é recomendável este nosso jardim. Talvez para uns seniores estrangeiros que ainda usufruem de algumas reformas mais generosas e por cá apanham o nosso solzinho.
Ao que parece, os estudos indicam que os jovens portugueses são dos que ficam até mais tarde em casa dos pais, 29.5 nos rapazes e 28.5 nas raparigas. É importante não considerar que se trata “apenas” de uma alteração no quadro de valores mas um comportamento associado a uma série de questões de natureza diferenciada. Os indicadores mostram que devido ao nível de desenvolvimento do nosso mercado de trabalho muitos licenciados encontram enorme dificuldade na entrada numa carreira profissional, Portugal tem 7,7 por cento dos jovens com qualificações elevadas sem emprego enquanto na UE a média é de 5,9. Também sabemos que em situações de crise os jovens à procura do primeiro emprego são particularmente vulneráveis. O trabalho apresentado também refere que entre os entre os 15 e os 24 anos, mais de 54 por cento dos jovens celebram um contrato de trabalho temporário e entre os 25 e os 29 este número ainda se situa nos 38,3 por cento, o segundo mais elevado na UE. Dados que são agravados pelo número de desempregados entre os 25 e os 34 anos.
É certo que também se verifica um fenómeno que alguns autores têm vindo a referir por adolescentização tardia, isto é, assiste-se a uma espécie de prolongamento da adolescência que também se traduz no prolongamento da estadia em casa dos pais.
Neste cenário não deixei de achar curioso saber que o Presidente Cavaco Silva inicia um roteiro dedicado à juventude visitando, ouvi na RDP, uma fábrica de talentos, jovens, presumo.
Esperemos pois que comecem a chegar ao mercado.

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