terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A BÚSSOLA

Entrados no espírito natalício emerge a inquietação do presente, não é isso, perceberam mal, a inquietação da prenda, dos presentes. Cumprindo o ritual estabelecido devemos com alguma antecedência pensar a quem queremos oferecer presentes, embora me pareça que as pessoas preferissem que lhes dessem futuros, pensar no orçamento disponível e é também aconselhável que os presentes tenham alguma utilidade, não sejam uma qualquer coisa sem préstimo que se esquece mal se poisa. Tudo isto é normalmente uma dor de cabeça que aflige toda a gente ao mesmo tempo e entope os espaços comerciais de espírito natalício.
De acordo com esta planificação, sentei-me no meu sótão e comecei a elaborar a lista de destinatários, a pensar nas suas eventuais necessidades e no meu orçamento. Acabei por me decidir, vou oferecer bússolas a toda a gente, miúdos e graúdos.
Parece-me uma boa escolha. Serão todas iguais o que inibe as sempre ingratas comparações de valor, são económicas, existem uns modelos bem baratinhos que cumprem a função e finalmente, porque me parece algo de bastante útil a muitas pessoas que conhecemos. De facto, as pessoas andam meio perdidas, sem saber muito bem o rumo que a vida vai levar, que caminhos percorrer, que escolhas fazer, etc. Os miúdos, muitos, também estão com alguma dificuldade para entender a estrada que devem tomar e que os poderá levar a um futuro interessante e de gozo. Nota-se nas suas falas e nos seus comportamentos como andam à procura sem, por vezes, perceber bem de quê.
Por isso, está decidido, bússolas para todos. Gostava de os ver depois, todos de volta das bússolas a tentar orientar-se, a escolher e estabelecer caminhos sem grandes dificuldades. Mas isso, isso seria a minha prenda, que ninguém me dará.

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