Um trabalho recentemente
divulgado pela Marktest analisou “Hábitos de brincadeira entre pais e filhos
portugueses” considerando pais com crianças entre os seis e os doze anos.
A maioria assume não ter o tempo
que gostaria para brincar com os filhos e 83.2% referem como actividade mais
comum “ver televisão em conjunto”.
O pouco tempo disponível para
brincar com os filhos é atribuído às condicionantes profissionais e aos
horários escolares. Importa ainda referir que 81% das crianças consideradas
frequentam actividades extracurriculares.
Estes dados vêm ao encontro dos
indicadores encontrados noutros trabalhos e focam dois aspectos que recorrentemente
aqui abordo.
O pouco tempo disponível na vida
de adultos(pais) e crianças para actividades em conjunto, brincar, por exemplo e para o peso
excessivo da televisão na gestão desse tempo.
Os problemas de tempo dos pais decorrentes
dos constrangimentos profissionais criam dificuldades aos pais na guarda das
crianças fora do horário escolar e a solução tem sido a prolongar a estadia dos
filhos na escola, já é Escola Tempo Inteiro, e não sei o limite deste
entendimento que vai ser estendido até ao 9º ano. Para além desta estadia na
escola que pode chegar às 10 horas diária verifica-se também, para quem pode, o
recurso às actividades extracurriculares que com uma oferta altamente
diversificada são também uma forma de “ocupar” as crianças.
Esta situação não é uma
fatalidade, podem procurar-se outras soluções e promover ajustamentos na
organização do trabalho, diversificação de horários, teletrabalho, etc., de
modo a criar outras disponibilidades nas famílias.
No entanto, este cenário não determina
que o pouco tempo disponível seja usado para ver televisão. Nesta matéria seria
desejável que com os pais e se discutissem outras hipóteses que não são mais
onerosas nem mais trabalhosas mas que alargariam o leque de actividades.
Finalmente, acharia interessante
que se ouvissem os miúdos relativamente ao seu entendimento sobre as
brincadeiras que realizam com os pais, as que gostariam de realizar, o que
tempo em que o fazem e o tempo em que gostariam de fazer.
Talvez as respostas nos ajudassem
a perceber o que está por fazer.
Fora deste estudo ainda estão as
crianças nestas idades sem tempo para brincar com os pais porque o tempo não
chega ou porque estes não têm disponibilidade física ou vontade para tal.
Muitas destas crianças fecham-se num ecrã sós ou acompanhadas de outras tão “sós”
quanto elas.
Podemos e devemos fazer melhor.
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