Desde que se desencadeou a questão
da revisão dos contratos de associação muitos dos representantes de
estabelecimentos de ensino privado defendem que tal decisão viola o princípio
da “liberdade de escolha”.
Também desde o início tenho
afirmado que a “liberdade de escolha” é algo que está evidentemente, fora desta
equação. Apenas está em causa o financiamento público a respostas privadas que
o serviço público pode assegurar e, por outro lado, manter esse financiamento apenas
quando tal é necessário. É simples.
O seu entendimento de “liberdade
de escolha” tão presente na retórica dos que protestam com a decisão do ME,
traduz-se, por exemplo, na recusa em receber algumas das crianças que lhes
batem à porta, designadamente envolvendo alunos com NEE, quando os seus pais
ESCOLHEM as suas instituições.
Em vários destes casos, a não
aceitação de alunos com NEE em colégios altamente financiados, a situação
relatada na Visão é apenas um exemplo, os pais são aconselhados, mais ou menos assertivamente, a colocar essas
crianças e adolescentes na escola pública. Claro, aqui trata-se de serviço
público de educação e não da liberdade de escolha.
Não vale a pena esconder uma realidade
que muitos de nós conhecemos. Trata-se apenas de não invocar o santo princípio
da “liberdade de escolha” em vão.
É uma questão de seriedade.
4 comentários:
Totalmente de acordo!
Não confundam a árvore com a floresta! Tenho uma filha com dislexia que não foi feliz na escola pública nem depois numa escola privada. É-o agora, finalmente, numa privada COM contrato de associação. No Colégio que ela frequenta a percentagem de alunos com NEE é de 8% - muitíssimo superior à da Escola Pública. Eu fui à procura duma escola onde ela não fosse vítima de bulling, onde fosse aceite como o ser humano maravilhoso que é! Agora é FELIZ e gosta da escola. Deixei de ter que estudar diariamente com ela. Agora as suas conquistas são pessoais e fruto do seu trabalho e da excelente metodologia seguida no Colégio. Eu posso pagar, embora com sacrifício (5 filhos e ambos professores do ENSINO PÚBLICO, com muita honra)e os que não podem? As crianças não são todas iguais! Porque não se fecham as escolas que não têm procura, sejam elas públicas ou privadas? Se o problema é económico, esta é a solução. Liberdade de escolha só a tem quem pode pagar!...Eu defendo a qualidade - seja ela na escola pública, seja ela na escola privada. Tenho 5 filhos - o mais velho tem feito todo o seu percurso escolar no ensino público, agora já na faculdade. Para a minha filha o caminho foi outro. Será que erro em procurar e dar a cada um(a) o que é melhor para ele(a)? Será que têm todos que gostar de futebol? Que música só a pimba? Discutamos o que vale a pena! Não deixemos que sejam outros a impor-nos a sua agenda política! Não nos viremos pais, contra pais. Ataquemos os problemas reais e os despesismos!... Só o buraco nos transportes públicos de Lisboa e do Porto é mais de 3 vezes superior ao que o Estado paga por TODOS os contratos de Associação. Os políticos estão a querer distrair-nos das suas subvenções vitalícias, dos empregos oferecidos aos amigalhaço,... Abramos os olhos!
Fico contente com a experiência bem sucedida da sua filha. Como certamente sabe muitos pais de alunos com necessidades especiais não passam pela mesma situação, os filhos não são aceites. Quanto à sua análise política, sendo certo que precisamos de ter uma visão global, esta questão dos contratos de associação merece ser analisada com seriedade e não à luz dos interesses sejam da partidocracia, sejam dos negócios. É o que procuro fazer, não tenho interesses nem de uma lado nem de outro.
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