Era uma vez um homem. Chamava-se Cinzento. Em toda a sua vida, de tão apagado que era, mal se notava a sua presença. Os amigos, já poucos, foram-se afastando de tão apagada companhia. A falta de brilho do Cinzento nunca o ajudou a encontrar alguém com quem partilhar a sua vida. No discreto emprego em que se escondia, os colegas apenas suportavam o seu apagado estar. O Cinzento, cada vez que olhava à sua volta, menos gente via e mais apagado se sentia. Parecia conformadamente apagado.
Um dia, cansado da sua apagada existência, pegou numa borracha grande e, a partir dos pés, meticulosamente, começou a apagar-se em gestos, finalmente, seguros e decididos.
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