domingo, 8 de maio de 2016

VISITA DE MÉDICO

No DN está um trabalho em que vários responsáveis da Ordem dos Médicos referem a pressão em Centros de Saúde, Unidades de Saúde Familiar e Hospitais para que os médicos reduzam o tempo de consulta, registando-se situações em que o tempo previsto para cada doente é de cinco minutos, leram bem, cinco minutos.
Ganha sentido a famosa expressão “visita de médico” e é um avanço significativo face a uma orientação de 2014 do Tribunal de Contas que no âmbito de uma auditoria ao SNS recomendava que as consultas médicas durassem um máximo de 15 minutos.
Parece razoavelmente claro que para realização de uma consulta médica, não apenas o preenchimento de receituários ou da requisição de exames complementares, os temps referidos são insuficientes para um trabalho de qualidade.
Acresce que neste tempo o médico tem de lidar com dispositivos informáticos e plataformas que nem sempre funcionam e burocratizam o seu trabalho.
Como é sabido, muitas das pessoas que recorrem às consultas, mesmo nas urgência, são idosas que frequentemente sofrem de “sozinhismo”,a doença de quem vive só, que se minimiza no convívio com outros sós na sala de espera e na atenção de um médico que escuta, por vezes, mais a dor da alma que as dores do corpo, mesmo que pareça uma "simples" gripe que, aliás, de tão simples que é, nem se percebe as consequências graves que, frequentemente, tem.
Já estive envolvido em circunstâncias, pessoais ou acompanhando familiares, em que o médico claramente estava pressionado pelo tempo que (não) podia dedicar, a atitude que (não) podia demonstrar, a comunicação que (não) podia estabelecer. As muitas pessoas com horas de espera na sala inibem-no na disponibilidade e tempo necessário a uma consulta que, de facto, o seja, e não um acto administrativo realizado sob pressão da "produtividade".
Ainda assim, nada que se estranhe num tempo em que os números se sobrepõem às pessoas.
Mas pela nossa saúde …

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