O ME informou numa nota dirigida
aos alunos que realizam provas de aferição, facultativas para este ano, que,
cito da nota do ME, “(…) os teus pais e
encarregados de educação vão receber um relatório individual, que apresentará
uma caracterização detalhada do teu desempenho em cada prova.
Com os dados desse relatório, poderás verificar, em conjunto com os
teus pais e encarregados de educação, quais os teus pontos fortes e quais as
áreas em que tens de melhorar.”
Como era habitual também as
escolas receberão informação relativa ao desempenho dos alunos.
Continuo com dúvidas sobre a
realização das provas de aferição em anos intermédios dos ciclos, 2º. 5º e 8º.
Uma aferição, creio, deverá ser realizada no final de um período de
aprendizagem. Só nessa altura será possível “aferir” os resultados que se
encontram face aos resultados que se esperam e ter uma visão global comparativa.
Uma avaliação durante um período
de trabalho com o objectivo de detectar dificuldades e corrigir trajectórias é
evidentemente um requisito de qualidade mas é, do meu ponto de vista, uma
avaliação de diagnóstico, de regulação, não de aferição.
Também sou dos que entende que os
pais e encarregados de educação devem ser, tanto quanto possível, envolvidos e
informados sobre o trajecto escolar dos seus educandos. No entanto, também sei
das dificuldades sentidas neste envolvimento e o nível de literacia e
qualificação escolar dos pais e encarregados de educação, factor que continua,
aliás, a ser uma das variáveis mais fortemente associada ao desempenho escolar
dos filhos.
Dito isto e sabendo que muito
provavelmente os alunos com desempenho mais baixo terão os pais com menor nível
de qualificação escolar coloca-se uma questão em termos de educação familiar.
Que farão os pais destes alunos com o “relatório” que receberão sobre o
desempenho dos filhos nas provas de aferição? Partido do pressuposto da sua
dificuldade em os ajudar e da impossibilidade de recorrer a ajudas externas à
escola fica a eterna questão, que fará a escola com estes resultados que,
aliás, serão certamente coerentes com os resultados das avaliações realizadas
em sala de aula pelos professores no âmbito do seu regular processo de
trabalho?
Aqui surgem algumas dúvidas.
Terá a generalidade das escolas recursos (tempo, docentes e técnicos) e autonomia para
organizar dispositivos de correcção de trajectórias escolares de insucesso ou
em risco detectadas nestas provas de aferição?
Gostava de ser optimista, quero
ser optimista mas … espero para ver.
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