Em conversa aqui em casa recordei
umas brincadeiras que costumava fazer em miúdo, já muito lá para trás no tempo.
Na verdade, há muitos anos ainda brincávamos
na rua, melhor dizendo, ainda brincávamos. É certo que muitos de nós não
tiveram muito tempo para brincar, logo de pequenos ficaram grandes. Não
tínhamos muitos brinquedos, mas tínhamos um tempo e um espaço onde cabiam todas
as brincadeiras.
Entretanto, chegaram outros
tempos. Tempos que não são de brincar, são de trabalhar, dizem.
Roubaram aos miúdos o tempo e o
espaço que nós tínhamos e empregam-nos horas sem fim numas fábricas de pessoas,
escolas, chamam-lhes.
Aí os miúdos trabalham a sério
pois, só assim, serão grandes a sério, acham.
Às vezes, alguns miúdos ainda
brincam de forma escondida, é que brincar passou a uma actividade clandestina
que só pais ou professores “românticos” e “incompetentes” acham importante.
Muitos outros miúdos têm um
"enriquecimento curricular" ou vão para umas coisas a que chamam
“tempos livres” ou outra designação, que de livres têm pouco, onde,
frequentemente, se confunde brincar com entreter e, outras vezes, acontece a
continuação do trabalho que se faz na fábrica. É importante e terá de ser a
Tempo Inteiro, decidiram.
Se verdade, se perguntassem aos
miúdos, coisa que se faz poucas vezes, iriam ficar a saber que brincar é a
actividade mais séria que fazem, em que põem tudo o que são, sendo ainda a base
de tudo o que vão ser.
4 comentários:
Talvez seja também por isso que muitos deles aproveitam para brincar na sala de aulas...
Será?
(A razão principal será sempre défice de atenção...)
Será mesmo?
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