domingo, 23 de agosto de 2009

DIGNIDADE

Como muitas vezes tenho referido aqui no Atenta Inquietude, entendo, como muita gente, que o desemprego é das situações mais devastadoras que alguém pode atravessar. Há algum tempo escrevi que, para a maioria das pessoas, perder o emprego significa a perda da dignidade. De acordo com os dados, o número de desempregados ronda o meio milhão. Acresce que cerca de 38% não têm subsídio de desemprego. Esta situação parece estar a afectar sobretudo jovens, as maiores vítimas do trabalho precário e desprotegido de direitos e também se deve a práticas empresariais criminosas que com o argumento, real é certo, da crise promovem despedimentos quase selvagens.
O emprego, melhor ou pior remunerado, é sempre, quase sempre, o suporte do nosso bem-estar e um importante contributo para o bem-estar dos que nos são próximos.
Nesta perspectiva, quando dizemos que um em cada dez portugueses em idade activa estará desempregado, seria mais realista e certamente mais dramático, tentar perceber quantos portugueses, em termos globais, serão afectados por cada activo desempregado. Nem é necessário considerar apenas famílias em que ambos os adultos activos estão desempregados. Estou a pensar no impacto nos orçamentos familiares envolvendo filhos e outras pessoas a cargo comprometendo, muitas vezes de forma significativa, a qualidade de vida de todo o agregado. Estou a pensar no ambiente de angústia, ansiedade e tristeza vivido em muitos lares e que não podem deixar de afectar a segurança e a confiança que alimentam o sonho e a vida. Estou a pensar … que, lamentavelmente os discursos se centram demasiado num argumentário político estéril e pouco respeitador dos problemas dramáticos que verdadeiramente estão em jogo. É a vida das pessoas, é mais do que lutar por votos.

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