segunda-feira, 3 de agosto de 2009

ESTE MIÚDO É TERRÍVEL

Uma destas noites, depois do jantar, passeava com a minha mulher pelas ruas das Caldas de Monchique, embalado as branduras da noite quando reparo que uns metros à minha frente um grupo familiar caminhava no mesmo sentido que eu. Ao aproximar-me vejo uma senhora que se estica tanto quanto pode para chegar aos ramos de uma figueira que se debruçavam sobre o passeio. A senhora porfiava na tentativa de chegar a uns figos que a figueira, prudentemente, fizera nascer mais altos. Ao lado da senhora, assistindo tranquilo à tentativa de colheita, estava um gaiato de uns oito ou nove anos.
Quando a senhora se apercebeu que estávamos a passar, pareceu ficar embaraçada, com o ter sido apanhada, como dizíamos em pequenos, a “ir à chicha”. Então, olhando para o rapaz e de modo a podermos ouvir, exclama “este miúdo é terrível, não vez que os figos estão verdes” e ainda acrescentou, agora creio que mesmo para nós, “quando chegar á cama dorme que nem um santo”.
Acho muito curiosa esta ideia de um adulto se proteger atrás da criança quando apanhado em, suposta, falta. Só me faltou verificar, era de noite, se senhora estava corada. Já me esquecia, no que respeita aos figos o miúdo pode dormir que nem um santo, não lhes tocou.

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