Já por aqui tenho afirmado que o trabalho, o direito ao trabalho, faz parte do núcleo duro dos factores que preservam a dignidade de alguém em idade activa. Não me esqueço que é vulgar entre nós ouvir expressões de sentido contrário à minha afirmação, do tipo “não me sai o euromilhões, para deixar de trabalhar” ou “nunca mais chega a reforma”. No entanto, esta retórica tem mais ver com a qualidade do trabalho e com a nossa relação ética com o mesmo do que com uma indiferença generalizada face à realização pessoal e profissional. Deste meu entendimento decorre, como tenho afirmado, que a situação de desemprego será para a maioria das pessoas algo de devastador, não só pelas óbvias questões da sobrevivência mas, como disse, pela ferida aberta na sua dignidade. Este quadro é potenciado pelas implicações em agregados familiares com dependentes. Esta é, do meu ponto de vista, a face mais trágica da crise económica que atravessamos.
Quando se perde o emprego e não se consegue aceder a apoios que minimizem os efeitos graves que sabemos, a situação atinge o domínio do insuportável.
É por isso que sempre fico inquieto com a discussão sobre a legitimidade ou necessidade de políticas sociais. O bem-estar das pessoas e as garantias de acesso a patamares mínimos que garantam a dignidade não podem ficar exclusivamente dependentes do mercado. O mercado não tem alma, desconhece pessoas e não entende o que é solidariedade.
Quando se perde o emprego e não se consegue aceder a apoios que minimizem os efeitos graves que sabemos, a situação atinge o domínio do insuportável.
É por isso que sempre fico inquieto com a discussão sobre a legitimidade ou necessidade de políticas sociais. O bem-estar das pessoas e as garantias de acesso a patamares mínimos que garantam a dignidade não podem ficar exclusivamente dependentes do mercado. O mercado não tem alma, desconhece pessoas e não entende o que é solidariedade.
1 comentário:
boa tarde agradeço antes de mais o comentário ao meu post.
É claro que conheço a realidade dos imigrantes ilegais no Alentejo e as condições que eles enfrentam.
É claro que concordo em denunciar a situação, o que não concordo é que se cole o nome de uma povoação ao problema quando esta não tem nada a ver com a situação.
É por conhecer a realidade do que se passou em Selmes, onde o presidente da junta se interessou pela situação, onde se prontificou a ajudar, onde inclusive se disponibilizou para arranjar comida e condições para as pessoas que lá foram deixadas, que me deixou irritado.
O que me irritou na notícia foi a introdução estúpida que foi feita à Aldeia de Selmes, e a colagem do nome desta nobre terra ao problema em questão. Até parece que a situação só se passa em Selmes. O mais incrível ainda é que, usaram e abusaram, do nome da terra e nem sequer ouviram a opinião de alguém que estava a par da situação. Nas televisões foi a mesma história.
Mais um vez obrigado pela atenção de comentar um post meu.
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