sexta-feira, 7 de agosto de 2009

OS GUETOS DA DOENÇA MENTAL

Ainda que com algum habitual atraso também Portugal se envolveu no movimento de desinstitucionalização das pessoas com doença mental. Os modelos defendidos pela comunidade científica actual, a defesa dos direitos humanos e da qualidade de vida, tornaram insustentável a manutenção das grandes instituições psiquiátricas que encerravam muitas câmaras de horrores e casos de isolamento e privação. Este universo é bem retratado no mítico “Jaime” de António Reis e Margarida Cordeiro. No entanto, este movimento de retirada das pessoas com doença mental das grandes instituições não está a ser devidamente suportada por unidades locais que providenciem apoio terapêutico, social e funcional tão perto quanto possível das comunidades de pertença dos doentes. A alternativa tem passado, sobretudo, pela integração em lares muitas vezes sem condições, sem apoios adequados e onde as condições de isolamento e guetização se mantêm comprometendo processos de reabilitação e inserção comunitária.
No fundo, mantém-se inalterada a situação, os doentes mentais são os mais desprotegidos dos doentes, pior, só os doentes mentais idosos. Os custos familiares e sociais da guetização são enormes e as consequências são também um indicador de desenvolvimento das comunidades.

1 comentário:

David Rodrigues disse...

Caro amigo:

Vou visitando o teu blog e sempre com proveito. É bom contar com pessoas que não só pensam independente mas o exprimem também. Só que isso tem custos mas tu tens mais que dinheiro para os pagar.
Amnhã vou para o teu querido Alentejo e venho de lá com um cheirinho de esteva.
Um abraço do

David