quarta-feira, 26 de agosto de 2009

E A QUEM RECORRER?

Segundo dados do ME, em 2008 verificaram-se 11000 pedidos de revisão da nota dos exames do secundário. Em 62% destes recursos a nota foi alterada. Não se conhecem ainda os resultados deste ano mas espera-se o aumento dos pedidos de reavaliação.
Há poucos dias, a Ministra da Educação e o Primeiro-ministro com a pompa e circunstância a que já nos habituámos, apresentaram indicadores sobre o abaixamento dos níveis de insucesso e abandono escolares. Este anúncio sobre melhorias na qualidade do Sistema Educativo, em tese uma boa notícia, foi recebido com algum cepticismo e reserva por parte significativa da comunidade educativa, exceptuando-se, claro, o aparelho dirigente do ME. É certo que este cepticismo e reserva também decorrem, como aqui escrevi, da agenda política de que a educação e as suas matérias são parte significativa. No entanto, também evidenciam uma sustentada desconfiança face ao ME e à sua acção.
Neste contexto, constatar que 62% dos recursos, repito 62%, são acolhidos e que, em alguns casos, a nota quase duplica ou a subida é muito significativa, é mais um factor de desconfiança a minar a credibilidade do sistema.
Sabe-se que a avaliação escolar contém uma incontornável dimensão de subjectividade, por isso, é necessário um trabalho muito consistente ao nível da qualidade dos exames, da solidez, clareza e coerência dos critérios de avaliação e, naturalmente, da competência dos avaliadores. Estes aspectos foram, aliás, objecto de muitas referências na imprensa durante a época de exames. Segundo o ME todos os aspectos, mas mesmo todos, porque, como se sabe, esta equipa é infalível, foram e estão acautelados.
Como explicar então tal número de recursos acolhidos? Como confiar na avaliação se muitos professores aconselham os alunos a recorrer pois a probabilidade de verem a nota alterada é grande?
Apesar de alguns aspectos positivos, designadamente o alargamento da oferta educativa pós-básico, cada vez entendo menos o mil vezes apregoado “sucesso” da PEC – Política Educativa em Curso. E a quem recorrer?

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