terça-feira, 4 de agosto de 2009

PELA NOSSA SAÚDE

Segundo Relatório do Tribunal de Contas e apesar de alguma divergência com os dados da tutela, o número de cidadãos sem médico de família tem aumentado apesar da criação das Unidades de Saúde Familiar e da retórica do Ministério da Saúde.
Algumas notas. A preocupação com a doença, sobretudo numa população envelhecida, está permanentemente na cabeça das pessoas e, naturalmente, não estou a falar de hipocondria. Se a este peso acrescer o facto de que não terem um médico de família acessível, que conheçam, que as conheça e com quem, desejavelmente, mantêm uma relação de confiança as pessoas sentem-se fortemente vulneráveis e impotentes.
Assente no fundamental direito à saúde e na imprescindibilidade do SNS a inexistência de médico de família é inaceitável. Como é também reconhecido, a maior parte das pessoas nesta situação não terá grandes possibilidades de recurso a serviços privados.
Não sei se algum de vós já passou por esta situação, eu estive durante cerca de dois anos sem médico de família. Sei que sou um privilegiado e acabei por recorrer à medicina privada até para prescrição de exames de rotina que depois deixo no Centro de Saúde, onde volto dias depois para levantar as prescrições, agora já passadas por um médico do SNS que eu não conheço, que não me conhece e não me viu. Então já posso realizar os exames.
Das duas ou três vezes que me dirigi ao Centro de Saúde para marcar uma consulta, depois de um tempo razoável de espera, a resposta foi invariavelmente, “Olhe, para as próximas duas semanas nem vale a pena, experimente depois vindo assim cedinho”. Informei-me e o “cedinho” teria que ser sempre bem de madrugada. Desisti.
Há quem não possa desistir.
PS – Devido a mudança de residência e num outro Centro de Saúde, por generosidade de uma médica que apesar da “lista cheia” aceitou a minha família na sua lista de utentes, deixei a lista de espera e agora, finalmente, tenho uma excelente médica de família. Que sorte a minha.

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