Um dia destes, ou uma noite destas, não me lembro se foi a sonhar a dormir se foi a sonhar acordado, vejo-me, não sei porque razão, a assistir a uma reunião para discutir os destinos do mundo. Tanto quanto consigo recordar, estavam os responsáveis pelos países donos da globalização, não estavam os globalizados, e estavam pessoas das instituições globalizantes, grandes empresas e organizações. Coisa importante mesmo e eu meio perdido sem perceber porque estava ali. Quando começaram os trabalhos, procurei seguir com atenção o que iria acontecer, sempre se tratava de decidir o que fazer com o mundo. Estava com a sensação de que algo não estava bem. De repente, percebi que aquelas figuras todas eram apenas fatos, cinzento ou azul-escuro, com uma gravata, a sério, não se via corpo algum dentro dos fatos e eram as gravatas que falavam. Entretanto, também percebi que a linguagem utilizada pelas gravatas era estranha, indecifrável. Já aflito, levantei-me e procurei interromper a reunião mas as gravatas continuavam a falar sem eu as entender, até que duas fardas sem polícia dentro me tiraram da sala e eu despertei.
Desde então, fico inquieto sempre que me lembro do mundo a ser dirigido por uma mão cheia de gravatas sem cabeça dentro e a falar uma linguagem que ninguém entende.
Desde então, fico inquieto sempre que me lembro do mundo a ser dirigido por uma mão cheia de gravatas sem cabeça dentro e a falar uma linguagem que ninguém entende.
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