segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A CRISE E A MUDANÇA

Muitos de nós, temos como característica mudar de comportamentos ou atitudes só mesmo quando nos sentimos obrigados, ou seja, quando não pode mesmo deixar de ser. Isto passa-se em diferentes dimensões como nos estilos de vida ou no exercício profissional. Para exemplificar, muitas vezes, só o aparecimento da doença nos leva à mudança relativamente a algo que de há muito sabemos não ser positivo.
Vem esta conversa a propósito de um efeito que começa a emergir como consequência da actual e dramática crise. De acordo com os dados disponíveis, desde o último trimestre de 2008 que se tem vindo a registar uma subida significativa na utilização dos transportes públicos em zonas urbanas, autocarro, comboio e também o barco na região de Lisboa. Estamos em presença de uma espécie de efeito colateral positivo. Sabemos que em algumas zonas a qualidade dos transportes públicos não será satisfatória, mas também é verdade que muitas deslocações urbanas também ficam mais fáceis e com padrões de conforto aceitáveis quando realizadas em transportes públicos. Como suburbano que me desloco entre as duas margens do Tejo verifico isso mesmo. O problema, como sempre, é que só a crise parece ter força para nos obrigar a abandonar o transporte individual. Estou à vontade porque utilizo habitualmente o mais individual dos meios de transporte, a moto, e dificilmente a abandono. Para além da questão dos transportes, pode acontecer, e seria positivo, que as actuais dificuldades, constituam um forte empurrão para alterações nos estilos de vida, designadamente, ao nível do consumismo excessivo.
Se isto acontecer, depois de ultrapassado este inferno que esperamos breve, pode ser que os tempos sejam melhores, e a crise, para além de alguns pesadíssimos efeitos, tenha sido a chave da mudança.

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