Este tipo de discurso evidencia o modelo de funcionamento que de há muito se instalou na nossa vida política. O governo, de qualquer partido e sobretudo com maioria absoluta, entende e assume-se como omnisciente e infalível, rejeitando qualquer proposta da oposição, das oposições, por essa simples razão, vem da oposição. A oposição considera errada qualquer medida ou proposta só por que vem do governo. Sintetizando, temos um paradigma assente na tensão entre o “orgulhosamente sós” e o “contrismo”, sempre contra, na qual, ao longo do tempo, os protagonistas mudam de papéis. Por outro lado, a experiência mostra que, quer uma posição, quer outra, não dão bons resultados. De facto, a história recente, portuguesa e não só, tem muitos exemplos de circunstâncias em que se torna imperativo colocar interesses nacionais acima dos famosos “interesses partidários de ocasião” e desencadear políticas concertadas e mobilizadoras. E é nestas fases que emerge o verdadeiro estofo das lideranças políticas, um chefe nem sempre é um líder por mais que se queira convencer, a si próprio e aos outros.
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