sábado, 7 de fevereiro de 2009

EU SOU A PERCENTAGEM QUE A SONDAGEM NUNCA MOSTRA

A questão da fiabilidade das sondagens em política é eterna, tal como a guerra de números em dias de greve. Os técnicos responsáveis garantem o carácter científico do seu trabalho e, portanto, a sua credibilidade. As figuras ou entidades que aparecem mais beneficiadas não deixam, claro, de lhes emprestar crédito e assumir que elas espelham a opinião ajustada do universo inquirido. Finalmente, as figuras ou entidades cujos indicadores são mais favoráveis entendem por bem duvidar, claro, dos resultados quer ao nível do “rigor científico” quer, versão mais pesada, de alguma manipulação intencional dos resultados. Sempre assim foi, sempre assim há-de ser, creio, por isso fica aquela velha máxima, as sondagens valem o que valem.
A minha questão no que respeita às sondagens remete para uma ideia que há já bastante tempo aqui referi, ou seja e repito, sabendo, é reconhecido, o peso que a opinião publicada tem na construção da opinião pública, o universo normalmente inquirido, creio que é de estar muito e cada vez mais atento ao que “NÃO DIZEM” algumas franjas sociais que habitam a periferia da vivência, a sobrevivência, os que normalmente não são inquiridos.
A este respeito, cito Sam the Kid que, num fenómeno interessante, integra uma área do hip hop que parece estar a ocupar o espaço do que há 40 anos chamávamos música de intervenção e que sem raízes musicais portuguesas (essa a grande diferença) assume um discurso lúcido, atento, crítico e não integrado.

Eu sou a percentagem que a sondagem nunca mostra
Eu sou a mente exausta da miragem mal composta
Eu sou a indiferença e a insatisfação
Eu sou a anti-comparência, eu sou a abstenção

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