sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O INCÓMODO DE TER VOZ

Em Portugal, tal como noutros países da nossa esfera cultural e política, algumas figuras públicas com carreiras políticas de relevo, atingem um estatuto de referência, são muitas vezes referidos por “senadores”, termo com uma simbologia e significado óbvios. Não discuto se, do meu ponto de vista, esse estatuto é “merecido” ou não, apenas sublinho o discurso frequentemente produzido sobre essas figuras. Um desses “senadores” é o Dr. Almeida Santos, presidente do PS e que ocupou variadíssimos lugares significativos. Pois o Dr. Almeida Santos, referência política, afirmava hoje numa entrevista à Antena 1, num excerto que ouvi, que o deputado Manuel Alegre é um deputado “incómodo”, por que um deputado, cito de memória, aplaude a política do partido, aplaude as posições do partido, diz bem do partido e mais não quero referir. Estas declarações de uma figura de referência, dizem, são elucidativas da “partidocracia” instalada. Os partidos são donos das consciências das pessoas, só se pode estar num partido sem perspectiva crítica, não se pode ser incómodo para O Partido.
É evidente que nem sequer é relevante se se concorda, ou não, com as posições de Manuel Alegre, a questão é se pode ter voz dele, não a do partido.

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