quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

MILÍCIAS

Na imprensa de hoje encontram-se duas referências à existência de milícias de vigilantes.
Na primeira, no DN, refere-se que na noite de Carnaval um grupo de “vigilantes populares” armados de pás, sacholas, tacos, etc., conhecidos por “Justiceiros de Constantim”, cerca das 2h, numa zona de Vila Real frequentada por jovens, entraram a varrer e causaram vários feridos, um deles em risco de perder a visão. Na segunda referência, descreve-se a formação na Escola do 2º e 3º Ciclos Ruy Belo em Monte Abraão, de uma milícia de professores em regime de voluntariado para funcionar na vigilância da escola e gerir ou prevenir casos de violência.
Fico apreensivo face a estas situações. Populares a vigiar as ruas e a bater em quem entendem, alimenta uma ideia de justiça e manutenção da tranquilidade pública inaceitáveis. Provavelmente, somos capazes de entender as motivações e inquietação que estão por detrás do fenómeno, mas não é seguramente assim que se deve fazer. Esse papel cabe às autoridades e não podemos deixar de exigir ao poder político o cumprimento das suas responsabilidades.
No caso da milícia de professores, publicada no CM, ainda me preocupa mais. Será que a função reguladora dos comportamentos dos alunos que se espera dos professores é compatível com uma actuação do tipo milícia? Como se organizará? Em brigadas? Como se apresentarão? Fardados? À civil? Terão treino de intervenção? Em termos de avaliação de professores, como será considerado o trabalho de milícia? Com que parâmetros? Poderão ter acções de milícia observadas para poderem chegar ao Muito Bom ou ao Excelente?
Como disse, não será difícil entender as justificações para estas iniciativas, mas é perigoso que as autoridades deleguem ou alienem as suas específicas competências em matéria de segurança pública.

Sem comentários: