domingo, 1 de fevereiro de 2009

MANIFESTO (INÚTIL)

Pode parecer estranho o título mas, nos tempos que correm, nada é estranho. Em declarações divulgadas ontem, o Ministro da Cultura, numa rara manifestação de vida, afirmou convictamente esperar que até 1 de Janeiro de 2010, o Acordo Ortográfico esteja a ser utilizado em pleno. Olhando o panorama da cultura portuguesa e o que têm sido as práticas ministeriais nesta matéria, é fácil perceber e aceitar a enorme prioridade que o ministro confere ao Acordo.
Agora o manifesto. Enquanto puder, ou seja, enquanto os mestres-escola não me marcarem “erros” a vermelho, enquanto os correctores informáticos não fizerem o seu trabalho automático, enquanto os amanuenses da cultura e da burocracia não me recusarem um texto ou documento porque não pode ter “erros”, não me converto ao Acordo. Não tenho conhecimento da perturbação e do drama com origem nas diferenças entre o inglês escrito e falado na Inglaterra e nos Estados Unidos, mas isto dever-se-á, certamente, a ignorância minha e à pequenez irrelevante daquelas comunidades anglófonas.
O manifesto será inútil, porque, mais cedo ou mais tarde o Acordo vai engolir-nos. Lamentavelmente, é um fato (desculpem, não quero mesmo) é um facto.

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