sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

OS MIÚDOS E OS VIDEOJOGOS

No Portugal Diário deparo com um título “Os videojogos fazem bem às crianças”. Porque aqui muitas vezes me tenho referido a esta questão, a relação das crianças com as novas tecnologias e porque me interessa o que faz bem às crianças, fui ler. Diz então a notícia que as conclusões de um relatório da União Europeia elaborado pelo Comité do Mercado Interno e de Protecção do Consumidor do Parlamento Europeu, sob a coordenação de Toine Manders, “contradizem muitos estudos que sublinham a dependência e a violência que os videojogos podem provocar nos mais pequenos, deixando alguns pais mais tranquilos” e, citando o próprio relatório, os videojogos estimulam “a aprendizagem de factos e habilidades como a reflexão estratégica, a criatividade, a cooperação e o sentido de inovação”. O relatório também refere que alguns videojogos podem não ser apropriados. Ainda bem que refere.
Vamos ser sérios, não conheço ninguém, especialista ou não, que diga que os videojogos fazem mal, conheço muita gente, eu próprio, que se inquieta com a falta de qualidade, com os conteúdos violentos e desadequados às crianças de muitos destes produtos que lhes estão acessíveis. Conheço muita gente, especialistas ou não, eu próprio, que se inquieta com o tempo excessivo que muitas crianças e adolescentes passam sós, agarradas a um ecrã, numa espécie de teledependência pouco positiva. Esta preocupação não tem nada a ver com um entendimento definitivo de que os videojogos fazem mal. Existem excelentes videojogos que, naturalmente, serão úteis e positivos na vida dos miúdos, mas não coloquem como título “Os videojogos fazem bem às crianças”. É um mau serviço prestado aos miúdos e aos pais.
Comer faz bem às crianças, mas comer excessivamente e produtos de má qualidade, provoca sérios problemas de saúde.
Que se eduque o consumo, sem se diabolizar ou exaltar disparatadamente o produto.

1 comentário:

Unknown disse...

Também acho porreiro (não 'porreiro pá', só 'porreiro') que se diga que há coisas positivas nos videojogos, mas com bom senso (essa maravilha que Descartes dizia estar tão bem distribuida)... ou melhor, desde que não nos esqueçamos do bem que faz esfolar um joelho ao subir a uma figueira...