sexta-feira, 19 de agosto de 2016

DO HORROR

A fotografia trágica de Omran, 5 anos, em Alepo dentro de uma ambulância, tal como a de Aylan, três anos e também sírio, em Setembro do ano passado morto numa praia turca, deveriam ser motivo para que a gente que manda no mundo não dormisse.
O olhar perdido do miúdo é um murro violento num mundo que não o soube proteger nem alimentar um sonho. 
Como já tenho escrito faltam palavras para falar do horror e da barbaridade que no mar e em terra vão acontecendo cada vez mais perto de nós, que, provavelmente, acreditávamos estar a salvo de tamanhas tragédias.
A merda de lideranças actuais da generalidade dos países que põem e dispõem no xadrez do poder mundial e de tantos outros subservientes e submissos que, em muitos casos, de pessoas não sabe nem quer saber, permite, sem um sobressalto e com palavras que de inócuas são um insulto, que se assista à barbaridade que as imagens, os relatos mostram e o muito que se imagina mas não se vê.
Apesar da complexidade é evidente para toda a gente com um pouco de senso que tudo isto decorre de uma obscura teia de interesses que flutuam com os interesses de circunstância em que se combate alguns para depois apoiar esses alguns ao sabor dos movimentos da luta pelo poder
Crescem muros, morre gente inocente, milhões de vidas destruídas, a barbaridade estende-se, o horror é imenso e, por vezes, nem a retórica da condenação é convincente e muitos menos, evidentemente, eficaz.
A questão é séria, os ventos sempre semeiam tempestades e as tempestades num mundo global não ficam confinadas nos epicentros.
Não existe terror mau e terror bom. Não existe horror mau e horror bom. Não existe terrorismo bom e terrorismo mau.
Como é possível que tal horror aconteça e tanta gente com responsabilidades assobie para o ar e se fique pelas palavras de circunstância?

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