A fotografia trágica de Omran, 5
anos, em Alepo dentro de uma ambulância, tal como a de Aylan, três anos e também sírio, em
Setembro do ano passado morto numa praia turca, deveriam ser motivo para que a
gente que manda no mundo não dormisse.
O olhar perdido do miúdo é um
murro violento num mundo que não o soube proteger nem alimentar um sonho.
Como já tenho escrito faltam
palavras para falar do horror e da barbaridade que no mar e em terra vão acontecendo cada vez mais perto de nós, que, provavelmente, acreditávamos estar
a salvo de tamanhas tragédias.
A merda de lideranças actuais da
generalidade dos países que põem e dispõem no xadrez do poder mundial e de
tantos outros subservientes e submissos que, em muitos casos, de pessoas não
sabe nem quer saber, permite, sem um sobressalto e com palavras que de inócuas
são um insulto, que se assista à barbaridade que as imagens, os relatos mostram
e o muito que se imagina mas não se vê.
Apesar da complexidade é evidente
para toda a gente com um pouco de senso que tudo isto decorre de uma obscura teia
de interesses que flutuam com os interesses de circunstância em que se combate
alguns para depois apoiar esses alguns ao sabor dos movimentos da luta pelo
poder
Crescem muros, morre gente inocente,
milhões de vidas destruídas, a barbaridade estende-se, o horror é imenso e, por
vezes, nem a retórica da condenação é convincente e muitos menos,
evidentemente, eficaz.
A questão é séria, os ventos
sempre semeiam tempestades e as tempestades num mundo global não ficam
confinadas nos epicentros.
Não existe terror mau e terror
bom. Não existe horror mau e horror bom. Não existe terrorismo bom e terrorismo
mau.
Como é possível que tal horror
aconteça e tanta gente com responsabilidades assobie para o ar e se fique pelas
palavras de circunstância?
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