sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O CÉSAR DAS NEVES É UM "TRAQUINAS"

Confesso que não é habitual ler a crónica de João César das Neves no DN. Não leio porque apesar de muitas vezes aprender algo com discursos e pontos de vista diferentes dos meus, com César das Neves apenas vejo preconceito e uma traquinice para qual não tenho pachorra.
No entanto, li a crónica de ontem a propósito de Michael Phelps, “O desporto faz mal à saúde”. O título é interessante e indicador da “traquinice”.
A questão de partida é pertinente, o universo da alta competição e das suas implicações para os atletas.
Rapidamente percebi que era o César das Neves em modo habitual, fingidor de saber, manhoso na argumentação, convencido e um discurso de “traquinas” que quer irritar o leitor. Provavelmente uma adolescência mal resolvida por falta, por exemplo, de prática de desporto ou de outras actividades próprias de adolescentes e jovens.
Escreveu o César das Neves que “Passar vários anos, precisamente os mais formativos da personalidade, focado numa única tarefa repetitiva, neste caso esbracejar e espernear dentro de água, tem de ter consequências traumáticas para toda a vida. Pior ainda: numa idade ainda jovem o atleta vê-se de repente desqualificado e, em geral, incapaz de começar uma nova vida com significado. É ainda muito novo para se reformar, muito velho para aprender outra profissão e incapaz de continuar na sua.”
Daqui retira a conclusão que o problema severo vivido por Phelps se deve a um exagero no “esbracejar e espernear dentro de água”. É de homem e homem sábio pois assim se faz ciência, os atletas de alta competição estão condenados ao inferno, César das Neves dixit.
E conclui, “Este é apenas um exemplo do materialismo boçal desta era de extremos, que seca tudo à sua volta. Produzir para produzir; ganhar para ganhar. O fim deixa de ser a pessoa para ser a coisa.”
É curioso vindo de um tipo que defende a virtude do empobrecimento, a coisificação das pessoas em nome dos mercados, mas o César das Neves é assim, um “traquinas” com tempo de antena. A melhor prenda que se pode dar a um “traquinas”.

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