Confesso que não é habitual ler a
crónica de João César das Neves no DN. Não leio porque apesar de muitas vezes
aprender algo com discursos e pontos de vista diferentes dos meus, com César das
Neves apenas vejo preconceito e uma traquinice para qual não tenho pachorra.
No entanto, li a crónica de ontem
a propósito de Michael Phelps, “O desporto faz mal à saúde”. O título é
interessante e indicador da “traquinice”.
A questão de partida é
pertinente, o universo da alta competição e das suas implicações para os atletas.
Rapidamente percebi que era o
César das Neves em modo habitual, fingidor de saber, manhoso na argumentação, convencido e um discurso
de “traquinas” que quer irritar o leitor. Provavelmente uma adolescência mal
resolvida por falta, por exemplo, de prática de desporto ou de outras
actividades próprias de adolescentes e jovens.
Escreveu o César das Neves que “Passar
vários anos, precisamente os mais formativos da personalidade, focado numa
única tarefa repetitiva, neste caso esbracejar e espernear dentro de água, tem
de ter consequências traumáticas para toda a vida. Pior ainda: numa idade ainda
jovem o atleta vê-se de repente desqualificado e, em geral, incapaz de começar
uma nova vida com significado. É ainda muito novo para se reformar, muito velho
para aprender outra profissão e incapaz de continuar na sua.”
Daqui retira a conclusão que o problema
severo vivido por Phelps se deve a um exagero no “esbracejar e espernear dentro
de água”. É de homem e homem sábio pois assim se faz ciência, os atletas de alta
competição estão condenados ao inferno, César das Neves dixit.
E conclui, “Este é apenas um
exemplo do materialismo boçal desta era de extremos, que seca tudo à sua volta.
Produzir para produzir; ganhar para ganhar. O fim deixa de ser a pessoa para
ser a coisa.”
É curioso vindo de um tipo que
defende a virtude do empobrecimento, a coisificação das pessoas em nome dos
mercados, mas o César das Neves é assim, um “traquinas” com tempo de antena. A
melhor prenda que se pode dar a um “traquinas”.
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