Como nota prévia, a afirmação de
que continuo pouco convencido das vantagens da sua realização a meio do ciclo.
É verdade que se o objectivo definido é a detecção de dificuldades e correcção
de trajectórias trata-se de “avaliação diagnóstica” e não de “aferir” saberes
ou competências o que deveria ser realizado no final de um ciclo de
aprendizagens.
Os resultados embora mereçam
atenção devem ser lidos com cautela, apenas 56% das escolas realizaram as
provas por decisão sua pelo que a amostra não possui critérios de
representatividade.
Os resultados encontrados serão
certamente do conhecimento de professores e escolas através dos dispositivos de
avaliação interna os mais potentes como reguladores do trajecto dos alunos. É
de esperar que as escolas e os professores tentem com os recursos disponíveis
responder a fragilidades que vão sendo identificadas desde o início da
escolaridade
Parecem justificar particular
atenção os resultados de Matemática que tendem a baixar em anos mais avançados e
as assimetrias de resultados entre diferentes áreas em Português.
A explicação para resultados
escolares, positivos ou negativos, é sempre múltipla e complexa. No entanto,
creio que é possível identificar algumas dimensões que me parecem merecer
particular atenção e que, aliás, são referências frequentes por parte de professores e directores bem como identificadas em estudos nacionais e internacionais. Sem hierarquizar
temos:
Os actuais modelos e conteúdos
curriculares parecem desajustados, são demasiado extensos, prescritivos, normativos.
A sua organização actual através das metas curriculares, tal como estão
definidas, dificultam enormemente a possibilidade acomodar a diversidade óbvia
entre os alunos. Um modelo de orientações curriculares do mesmo tipo que o
agora aprovado para a educação pré-escolar parece mais ajustado pela
flexibilidade permitida.
Em muitas escolas o número de
alunos por turma é um problema sério. Eu sei das discutíveis associações
directas entre número de alunos por turma e resultados escolares mas também das
relações fortes entre o número de alunos por turma e a qualidade de trabalhos
dos professores, da sua maior capacidade de diferenciação e do maior tempo
disponível para dificuldades dos alunos.
Finalmente, uma das mais
eficientes formas de minimizar o risco de dificuldades nos alunos ou de as combater
quando detectadas é estruturar dispositivos de apoio suficientes e competentes a
alunos e professores que actuem tão cedo quanto possível, incluindo a prevenção
em casos já conhecidos de risco.
Do meu ponto de vista, sem
alterações ponderadas e competentes nestas dimensões teremos mais dificuldade
em melhorar apesar do empenho de professores, alunos e famílias.
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