No Público está hoje um
impressivo trabalho sobre uma realidade distante para muitos de nós e
extraordinariamente complexa para alguns outros, a sexualidade das pessoas com
deficiência.
Julgo ser fundamental a
visibilidade destas matérias, trata-se de direitos e de felicidade. Recordo as
iniciativas do movimento, Sim, Nós Fodemos, que se bate por desmistificar a
sexualidade nas pessoas com deficiência e que organizou uma Conferência sobre
este universo que se realizou no Porto em Fevereiro de 2015.
Na verdade, estes passos podem
ser importantes no sentido de desfazer um enorme equívoco, sexualidade na
deficiência, a sexualidade na vida das pessoas com deficiência, não é a mesma
coisa que deficiência na sexualidade.
A experiência e alguns estudos
dizem-me que este equívoco está também presente em discursos e atitudes de
famílias e técnicos para além da comunidade em geral.
É uma questão complexa, no caso
das pessoas com deficiência cognitiva mais severa pode colocar-se a questão da autodeterminação
e do risco de abuso, por exemplo, sendo muito contaminada pelos valores do
indivíduos, dos técnicos e das famílias incluindo, naturalmente, as das pessoas
com deficiência, quer relativos à sexualidade, quer relativos à vida e direitos
das pessoas com deficiência. Aliás, com demasiada frequência parece esquecer-se
que muitos dos problemas que as pessoas com deficiência e as suas famílias
sentem, não são matérias de opção, são matéria de direitos.
Acresce ainda que em muitas
circunstâncias é uma matéria da qual "se foge" pois subsistem as
dúvidas sobre o que pensar, como agir ou atitudes a adoptar.
Neste contexto, a Conferência
realizada no Porto, o trabalho do Público e outras raras abordagens na imprensa
são peças que ajudam a reflectir e a mudar.
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