quinta-feira, 4 de agosto de 2016

SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA

No Público está hoje um impressivo trabalho sobre uma realidade distante para muitos de nós e extraordinariamente complexa para alguns outros, a sexualidade das pessoas com deficiência.
Julgo ser fundamental a visibilidade destas matérias, trata-se de direitos e de felicidade. Recordo as iniciativas do movimento, Sim, Nós Fodemos, que se bate por desmistificar a sexualidade nas pessoas com deficiência e que organizou uma Conferência sobre este universo que se realizou no Porto em Fevereiro de 2015.
Na verdade, estes passos podem ser importantes no sentido de desfazer um enorme equívoco, sexualidade na deficiência, a sexualidade na vida das pessoas com deficiência, não é a mesma coisa que deficiência na sexualidade.
A experiência e alguns estudos dizem-me que este equívoco está também presente em discursos e atitudes de famílias e técnicos para além da comunidade em geral.
É uma questão complexa, no caso das pessoas com deficiência cognitiva mais severa pode colocar-se a questão da autodeterminação e do risco de abuso, por exemplo, sendo muito contaminada pelos valores do indivíduos, dos técnicos e das famílias incluindo, naturalmente, as das pessoas com deficiência, quer relativos à sexualidade, quer relativos à vida e direitos das pessoas com deficiência. Aliás, com demasiada frequência parece esquecer-se que muitos dos problemas que as pessoas com deficiência e as suas famílias sentem, não são matérias de opção, são matéria de direitos.
Acresce ainda que em muitas circunstâncias é uma matéria da qual "se foge" pois subsistem as dúvidas sobre o que pensar, como agir ou atitudes a adoptar.
Neste contexto, a Conferência realizada no Porto, o trabalho do Público e outras raras abordagens na imprensa são peças que ajudam a reflectir e a mudar.

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