Numa das últimas manhãs de praia,
a lida começa a bater à porta, tropecei com mais uma história.
O passadiço de acesso à praia é
construído com tábuas e não é particularmente largo. Íamos caminhando no
sentido da praia e o "trânsito" começa a parar porque uma senhora e o
filho, uns três ou quatro anos de gente, tinham decidido que era a hora da
birra.
A coisa, dava para perceber
porque o botão do volume estava em posição que o permitia, acontecia porque o
miúdo decidiu que ia descalço e tinha os chinelos no chão ao lado dos pés para
a mãe levar.
A mãe não pegava nos chinelos e
explicava, não sei se há muito tempo, eu só ouvi meia dúzia de vezes, que o
menino não podia ir descalço porque podia haver pregos nas tábuas e ele se
magoava.
Entre as repetições da explicação
interrogava-se, sempre com o volume elevado, "que teimoso, porque é que tu
não és como as outras crianças?" enquanto olhava para nós, assistentes
engarrafados no passadiço. O resultado não era brilhante porque a criança,
quando era sua deixa, insistia em continuar descalço.
Por impaciência, as birras são
para terminar não para alimentar, com alguma habilidade e pedindo licença, lá
consegui passar pelo "teatro de operações" e pensei em dois equívocos
em que aquela mãe se “sentava”.
Primeiro, muito provavelmente
aquela criança será exactamente como as outras e, por isso mesmo e segundo
equívoco, naquela altura já não precisava de explicações sobre o risco dos
pregos. Precisa de uma coisa mais simples, que a mãe lhe calçasse serenamente e
com firmeza os chinelos, lhe desse a mão e caminhassem para a praia a ver quem
chegava primeiro à agua.
Não é assim muito complicado.
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