De acordo com dados do relatório do Eurostat, “Education, employment, both or neither? What are young people doing in the EU?”, hoje divulgado, em 2015 um em
cada seis jovens portugueses dos 20 aos 24 anos não estavam a trabalhar, nem a
estudar, nem em formação, a geração NEET (Not in Education, Employment or
Training”. Este cenário agravou- se substancialmente nos últimos 10 anos. De
2006 para 2015 subiu de 12.6 para 17.5%
São números impressionantes a que
devem juntar-se os dados sobre precariedade, abuso do recurso a estágios e outras
modalidades de aproveitamento de mão-de-obra barata e a prática de vencimentos
que mais parecem subsídios de sobrevivência mesmo para jovens altamente qualificados.
Por outro lado, não podemos esquecer
os muitos milhares de jovens que se viram empurrados para fora do país pois
sentem que o seu futuro não mora aqui.
Esta situação complexa e de
difícil ultrapassagem tem, obviamente, sérias repercussões nos projectos de
vida das gerações que estão a bater à porta da vida activa. Entre outras,
contar-se-ão o retardar da saída de casa
dos pais por dificuldade no acesso a condições de aquisição ou aluguer de
habitação própria ou o adiar de projectos de paternidade e maternidade que por
sua vez se repercutem no inverno demográfico que atravessamos e que é uma forte
preocupação no que respeita à sustentabilidade dos sistemas sociais. As
gerações mais novas que experimentam enormes dificuldades na entrada sustentada
na vida activa, vão também, muito provavelmente, conhecer sérias dificuldades
no fim da sua carreira profissional.
No entanto, um efeito muito
significativo mas menos tangível deste quadro precário ou sem alternativas
aparentes, é a promoção de uma dimensão psicológica de precariedade face à
própria vida no seu todo e que, com alguma frequência, os discursos das
lideranças políticas acentuam. Dito de outra maneira, pode instalar-se, está a
instalar-se, uma desesperança que desmotiva e faz desistir da luta por um
projecto de vida de que se não vislumbra saída motivadora e que recompense.
Este problema que não é um
exclusivo português, longe disso, exige uma visão e um conjunto de políticas
que não se vislumbram e cuja ausência compromete a construção sustentável do
futuro.
Podemos estar perante a tragédia
das gerações perdidas de que há algum tempo se falava.
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