Nos tempos em que era miúdo, os
adultos, sobretudo pais e professores, usavam com muita frequência uma
expressão que de vez em quando recordo, "para ser um homenzinho" ou,
na óbvia versão feminina, "para ser uma mulherzinha". Tais expressões
constituíam no seu entendimento um dos grandes incentivos ao bom
desempenho escolar e, ou, ao bom comportamento definidos como requisito
fundamental para se ser "alguém", um "homenzinho" ou uma
"mulherzinha".
Como é evidente, para muitos de
nós, tais fórmulas não eram particularmente apreciadas mas, sobretudo no que
respeita a estudar, os poucos de nós que continuávamos para além da escolaridade
obrigatória, percebíamos gradualmente como a escola nos leva ao futuro, ou
seja, quando espreitávamos para diante, conseguia-se, com algum esforço é
certo, vislumbrar lá bem à frente o "homenzinho" que poderíamos ser.
Hoje, tempos mais sofisticados,
falamos de "projecto de vida" ou de "imagem criadora de
futuro" algo que, mais do que nunca, é fundamental construir e perseguir.
Neste processo a escola, agora
para todos, não só para alguns, tem o papel principal. Sem a escola não se
chega a "homenzinho" ou a mulherzinha", prefiro Homem e Mulher, não se constroem
projectos de vida viáveis e positivos.
Se fizermos a experiência de
inquirir adolescentes sobre o que vislumbram quando espreitam lá bem para a
frente, ficamos assustados com a quantidade de nadas que obtemos como resposta.
Estas nadas não são, naturalmente absolutos, são feitos de incertezas, de
perplexidade e de algum receio.
Por isso a escola, não só a
escola mas muito a escola, não pode falhar na sua missão central junto dos
miúdos, de todos os miúdos, construir o futuro. Tal responsabilidade exige de
toda a gente que proteja a escola, não destrate a escola, cuide da escola e
exija da escola para que ninguém chegue ao futuro sem projecto de vida. Todos têm de ter um lugar no futuro.
Os homenzinhos e as mulherzinhas, os Homens e as Mulheres, agradecem.
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