A Teresa Campos tem um trabalho
na Visão online com o sugestivo título “E se lhe disserem que os recreios mais amigos da criança são aqueles menos protegidos?”
A peça desenvolve a ideia que
tantas vezes aqui e na intervenção profissional tenho defendido, os estilos de
vida e os espaços que muitas crianças frequentam são pouco amigáveis do seu
desenvolvimento e em diferentes dimensões. Já muitos especialistas falam, por
exemplo, de iliteracia motora nas crianças por falta de experiências promotoras
de desenvolvimento e competências nesta área. Nas crianças com necessidades
especiais esta situação é ampliada pelas representações, expectativas e e
receios decorrentes da sua condição o que também inibe a participação em
experiências essenciais para promoção de competências.
A jornalista tem a gentileza de
citar uma das minhas recorrentes afirmações, “educar é ajudar alguém a tomar
conta de si próprio e isso aprende-se fazendo. Se as crianças nunca fazem ...”.
A peça acentua a pouca utilização de equipamentos e espaços exteriores, a
superprotecção das crianças quando estão nestas circunstâncias que inibe a
experimentação, o teste de competências e limites e, naturalmente, o
desenvolvimento da sua autonomia. Sabemos que existem riscos, devem ser
controlados, mas as crianças precisam de se exercitar também na gestão desses
riscos.
Como também defende Mário
Cordeiro também na Visão, em papel, “As
crianças vivem com excesso de vigilância”.
Como ainda há pouco tempo aqui
escrevi, só miúdos autónomos, autodeterminados, informados e orientados sobre
os riscos e as escolhas serão mais capazes de dizer não ao que se espera que
digam não e escolher de forma ajustada o que fazer e como fazer ou pensar em
diferentes situações do seu quotidiano. Este entendimento sublinha a
importância de em todo processo de educação, logo de muito pequeno, em casa e
na escola, se estimular a autonomia dos miúdos.
Creio que este entendimento está
pouco presente em muito do que fazemos em matéria de educação familiar ou
escolar e para todos os miúdos.
Todos beneficiariam, miúdos e
adultos.
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