O Público referencia um trabalho
da OCDE “Measuring Innovation in Education” recentemente divulgado relativo ao
acesso os alunos a computadores nas salas de aula.
Contrariamente ao que se passa com
a generalidade dos países em Portugal verificou-se um decréscimo do acesso dos
alunos a esta ferramenta.
Considerando o intervalo entre
2009 e 2015 o indicador de acesso dos alunos a portáteis subiu na generalidade dos países. Apenas o Japão e Portugal baixaram a percentagem, 5% no Japão e de 55%
para 43%.
No entanto, mais significativo e
preocupante pois trata-se do período inicial da escolaridade, no 4º ano a
percentagem de alunos com acesso a computadores ou portáteis nas aulas de
leitura desceu de 47% em 2011 para 14% em 2016. A queda parece associada a ter terminado
em 2011 o programa de distribuição dos “famosos” Magalhães.
O estudo não contempla a avaliação da utilização dada aos
computadores na sala de aula mas a OCDE sublinha a importância deste recurso
por parte das escolas públicas e o risco da falta de acesso poder associar-se
ao agravamento das desigualdades em função da origem socioeconómica dos alunos
que podem não compensar nos contextos familiares o acesso ao mundo digital. Os programas do ME de distribuição de computadores foram para muitos miúdos foi a única forma de acederem a estes dispositivos, conheço várias situações
Parece claro que as novas tecnologias,
que já são velhas, não são a poção mágica para o ensino e aprendizagem. Os
computadores ou tablets na sala de aula não promovem sucesso só pela sua
existência. A forma como são utilizados por professores e alunos é que potencia
a qualidade e os resultados desse trabalho. Aliás, o mesmo se pode dizer de
qualquer outro recurso ou actividade no âmbito dos processos de aprendizagem.
São múltiplos os estudos que
valorizam este recurso nos processos de ensino e aprendizagem pelo que é
importante o acesso pela generalidade dos alunos.
Neste contexto e como já tenho
afirmado, considerando o que se sabe em matéria de desenvolvimento das crianças
e adolescentes, dos processos de ensino e aprendizagem e da sua complexa teia
de variáveis, das experiências e dos estudos neste universo, mesmo quando aparentemente contraditórios, creio que:
1 – O contacto precoce com as
novas tecnologias é, por princípio, uma experiência positiva para os miúdos,
para todos os miúdos, se considerarmos o mundo em que vivemos e no qual eles se
estão a preparar para viver. Nós adultos estamos a pagar um preço elevado pela
iliteracia, os nossos miúdos não devem correr o risco da iliteracia
informática.
2 – O computador/tablet na sala
de aula é mais uma ferramenta, não é A ferramenta, não substitui a escrita
manual, não substitui a aprendizagem do cálculo, não substitui coisa nenhuma, é
“apenas” mais um meio, muito potente sem dúvida, ao dispor de alunos e
professores para ensinar e aprender e agilizar o acesso a informação.
3 - O que dá qualidade e eficácia
aos materiais e instrumentos que se utilizam na sala de aula não é a tanto a
sua natureza mas, sobretudo, a sua utilização, ou seja, incontornavelmente, o
TRABALHO DOS PROFESSORES é uma variável determinante. Posso ter um computador
para fazer todos os dias a mesma tarefa, da mesma maneira, sobre o mesmo tema,
etc. Rapidamente se atinge a desmotivação e ineficácia, é a utilização adequada
que potencia o efeito as capacidades dos materiais e dispositivos.
4 - Para alguns alunos com necessidades especiais o computador
pode ser mesmo a sua mais eficiente ferramenta e apoio para acesso ao currículo
5 – Para além de garantir o
acesso dos miúdos aos materiais é fundamental disponibilizar a formação e apoio
ajustados aos professores sem os quais se compromete a qualidade do trabalho a
desenvolver bem como, evidentemente, assegurar as condições exigidas para que o
material possa ser rentabilizado.
6 – Finalmente, como em todo o
trabalho educativo, são essenciais os dispositivos de regulação e avaliação do
trabalho de alunos e professores.
Como referi acima não existem poções
mágicas em educação por mais desejável que fosse a sua existência mas é
importante o acesso aos melhores recursos disponíveis e a situação agora
reportada pela OCDE pode ter implicações negativas.
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